A Caixa acaba de iniciar o processo de venda de ações do Banco do Brasil que pertencem ao FI-FGTS, uma das maiores operações no mercado de capitais este ano.
 
A preços de hoje, a oferta de 132 milhões de ações levantaria cerca de R$ 6 bilhões.
 
O FI-FGTS, que é administrado pela Caixa, está vendendo suas ações no banco estatal — parte de um grande esforço do Governo de reduzir a participação do Estado em empresas públicas.  Cerca de metade da oferta (64 milhões de ações) são papeis que pertencem à própria tesouraria do BB.  O Tesouro Nacional também ia vender cerca de R$ 1 bilhão em papeis, mas o BNDES não conseguiu viabilizar a operação a tempo.

Para se ter uma ideia do que este volume representa, o papel negociou uma média de 10 milhões de ações por dia nos últimos três meses.

Os bancos coordenadores são a própria Caixa, Banco do Brasil, Itaú BBA, Credit Suisse, JP Morgan e XP Investimentos.

O roadshow começa hoje em São Paulo, depois vai ao Rio, Londres, Boston, Nova York e Chicago, antes de voltar ao País. O pricing deve ser no dia 17.  

O grande pitch da oferta é o valor relativo do papel, que negocia a um desconto nos múltiplos de preço-lucro e valor patrimonial em relação a Bradesco, Itaú e Santander, ainda que o sellside projete um crescimento de lucro maior para o banco estatal, agora sob nova gestão.

 
Para algumas casas, o BB também tem desconto em relação à soma de suas partes (o valor da participação do banco na BB Seguridade, BBDTVM, etc). Este ano, o banco já vendeu participações no IRB e na Neoenergia, e há rumores de que pode estar preparando a venda de sua fatia na Cielo.

Nos últimos dois meses, a posição vendida a descoberto em ações do Banco do Brasil subiu de 10 milhões para 41 milhões de ações, antes de recuar para 35 milhões agora.  Como o volume da oferta é muito grande, é possível que muitos investidores tenham shorteado o papel antes com a expectativa de recomprar a posição mais tarde, durante o processo de bookbuilding.

A ação não saiu do lugar este ano: começou janeiro a R$ 48, subiu a R$ 55 e agora negocia a R$ 43, em parte com a expectativa da oferta.

No final de junho, a Caixa já havia levantado cerca de R$ 7,3 bilhões ao vender ações ON da Petrobras.