Se o financial deepening tem um ‘sweet spot’, o BTG chegou lá.
O banco reportou o melhor trimestre de sua história — em todas as áreas ao mesmo tempo — do crédito à captação de dinheiro novo ao investment banking, que mudou de patamar.
O lucro líquido ajustado atingiu R$ 1,72 bilhão, uma alta de 74% enquanto as receitas totais chegaram a R$ 3,77 bilhões, um crescimento de 52% sobre o mesmo tri do ano anterior.
As plataformas de investimento do banco captaram R$ 98 bilhões de ‘net new money’ — incluindo R$ 12 bi da Necton, cuja compra fechou em abril. O net new money se compara a R$ 76 bi, R$ 46 bi e R$ 37 bi nos trimestres imediatamente anteriores.
Para efeito de comparação, a XP captou R$ 72 bi no trimestre.
O total de recursos de terceiros — recursos sob administração e sob gestão — aumentou 77% para R$ 880 bilhões.
A área de investment banking mais que triplicou a receita, com o banco faturando R$ 685 milhões em meio ao boom de IPOs e emissão de dívida.
O portfólio de crédito corporativo e PME cresceu 51%, e o banco disse que sua carteira de PME já representa 16% de todo o portfólio de crédito.
Mas um dos recortes mais significativos veio do sales & trading, cuja receita avançou 23% na comparação com o ano anterior. Nesta área, o BTG reportou seu menor nível de alocação de risco da história, um VaR de 0,25%.
As métricas de risco do trimestre devem sepultar de vez a crença do passado de que o BTG ganha dinheiro operando câmbio, juros e bolsa.
Com a evolução do portfólio de crédito e a ampliação dos business de serviços — como corretagem de investimentos — esses ganhos com apostas proprietárias hoje ficam bem abaixo do padrão histórico.
Por exemplo, nos ativos ponderados pelo risco — que a grosso modo incluem o risco de crédito, o risco operacional e o de mercado — este último representou apenas 12% do total, um low histórico.
Para efeito de comparação, este nível de risco rodava a 40-45% num passado remoto — quando o BTG era conhecido como um banco de tesouraria — e 25% num passado recente. Num grande banco de varejo, esse número oscila entre 10% e 20%.
O retorno ajustado sobre o patrimônio líquido (ROAE) foi de 21,6%, com o índice de Basileia em 17,3%.