Experimentando a potência máxima do financial deepening, o BTG Pactual reportou receita e lucro recordes e anunciou uma reorganização do conselho que inclui a volta de André Esteves como chairman.

A receita total alcançou R$ 13,9 bilhões em 2021, uma alta de 49% em relação a 2020, enquanto o lucro líquido ajustado foi de R$ 6,49 bilhões, 60% acima do ano anterior. (O lucro contábil foi o maior da história; o ajustado, o segundo maior.)

10066 480c5028 caa5 0008 0bd4 b4b0861863c8No quarto trimestre, o bottom line foi de R$ 1,78 bilhão, batendo o consenso Bloomberg de R$ 1,6 bi.

Todas as principais linhas de negócios mostraram saúde, com as franquias de clientes ganhando share na receita total.

A captação líquida foi recorde: o banco atraiu R$ 326 bilhões em ‘net new money’, levando sua base de ativos sob gestão ou administração a fechar o ano em R$ 980 bilhões – e ultrapassar a marca de R$ 1 tri este mês.

No quarto trimestre a captação líquida foi de R$ 64 bilhões, 40% acima do mesmo período de 2020.

Em paralelo ao resultado, o banco anunciou uma reorganização do conselho pela qual Esteves passa a ser o chairman do banco, além de reter o título de senior partner. A ideia, segundo fontes do banco, foi manter os títulos de CEO e chairman separados e permitir ao fundador focar na questão estratégica.

A volta de Esteves a uma posição executiva fecha um ciclo que começou com sua prisão em novembro de 2015 em meio a acusações mais tarde invalidadas pela Justiça.

O fundador do BTG ficou fora do banco até o final de 2018, quando foi absolvido pelo Ministério Público. No final do ano passado, voltou ao grupo de controle, e agora, a uma posição executiva.

Nelson Jobim, o atual chairman, continua no board liderando o comitê de compliance.

Em outro movimento, o banco está indicando o CFO João Dantas para o conselho, onde vai liderar o comitê financeiro.

Renato Cohn – até agora o head de produtos – será o novo CFO.  Renato, que está na partnership há mais de 20 anos, voltou ao Brasil em agosto depois de quatro anos e meio no EFG, o private bank suíço no qual o BTG tinha uma participação de 25% (mais tarde transferida à partnership).

O BTG também anunciou a criação de um comitê de estratégia, a ser liderado pelo CEO Roberto Sallouti.

As mudanças entram em vigor depois da assembleia de acionistas em abril.

A área de investment banking teve seu quarto ano consecutivo de receita recorde –  R$ 2,3 bilhões, alta de 74% ano contra ano – e a carteira de Crédito Corporativo e PME bateu R$ 106 bilhões, um crescimento de 45% em relação ao 4T20 e muito acima da média do mercado, que cresceu 12%.

A receita de sales & trading totalizou R$ 4,28 bilhões no ano, e com um shift fundamental: em vez de assumir risco em posições direcionais, o banco está nadando uma corrente de diversificação de receitas vindo de corretagem, seguros, intermediação de renda fixa, crédito privado e seu negócio de energia. O trimestre marcou o menor nível de alocação de risco da história do banco.

Já o funding do BTG cresceu 44% ano contra ano – comparado a uma alta de menos de 10% entre os grandes bancos – com mais clientes corporativos mantendo depósitos no BTG e o banco ampliando seu market share em LCAs e LCIs.

O índice de Basileia fechou o trimestre em 15,7%, com o chamado ‘core equity’ em 13,4%, cerca de 200 pontos-base acima da média dos grandes bancos de varejo.

O retorno sobre o patrimônio líquido ajustado ficou em 20,3%.