O BTG Pactual fechou 2022 com um ROE de 20,8% – acima do soft guidance de 20% que o banco havia informado para o ano – e resultados recordes em diferentes linhas de negócio.

As receitas cresceram 24% no ano para R$ 17,2 bilhões. O lucro foi de R$ 8,3 bilhões, um ganho de 28%.

Os números consideram uma provisão de R$ 1,2 bilhão para a Americanas. O banco disse que o número equivale a 63% de sua exposição de R$ 1,9 bilhão – mas este número exclui o R$ 1,2 bilhão bloqueado pelo BTG para compensar dívidas da varejista e que segue em discussão na Justiça.

O banco acredita que conseguirá recuperar parte da dívida da Americanas (além do R$ 1,2 bilhão bloqueado) e por isso não provisionou 100% da exposição, como fizeram Bradesco e Itaú.

Apesar de considerar a Americanas um evento isolado, o BTG decidiu reduzir o bônus em R$ 153 milhões. “Isso reduziu a receita, então o bônus tem de cair também,” disse um executivo.

Um total de 94% da provisão foi feita na área de crédito corporate e o restante, em sales & trading.

Excluindo a provisão, o ROE teria sido de 22,1% e o lucro teria crescido 37% para R$ 8,9 bilhões, acima do consenso Refinitiv (R$ 8,7 bilhões).

A área de wealth management e consumer banking teve recorde de receita pelo 16º trimestre consecutivo, somando R$ 2,5 bilhões em 2022, 66% mais que no ano anterior.

No asset management, outro recorde: a receita foi de R$ 1,6 bilhão no ano, uma alta de 31%. Os ativos sob gestão chegaram a R$ 1,3 trilhão.

O BTG disse que a área de investment banking liderada por Guilherme Paes teve o segundo melhor resultado da história – R$ 1,8 bilhão em receita. As áreas de DCM e M&A bateram recordes no ano, compensando um mercado de equities mais fraco.

A receita de sales & trading bateu R$ 5,3 bilhões, uma expansão de 24% frente a 2021, que já havia sido um ano forte.

O corporate bank e PMEs teve receita de R$ 2,7 bilhões em 2022 e R$ 105 milhões no quarto tri. Sem a provisão, haveria um crescimento de 31% no trimestre, para R$ 1,2 bilhão. O portfólio de crédito cresceu 35% e fechou o ano em R$ 144,3 bilhões.

Mesmo depois do estrago da Americanas – e de pagar R$ 1,3 bi em juros sobre capital próprio no trimestre –, o banco de André Esteves fechou o ano com Basileia de 15,1%.

A ‘cover ratio’ (LCR) – uma espécie de stress test que mede os ativos altamente líquidos que o banco tem à sua disposição para fazer frente a saques — fechou o ano em 233%.

O banco divulgou também o guidance para este ano. A expectativa é de um ROE superior ao 20,8% de 2022, “já que as receitas crescerão mais do que os custos, enquanto os índices de capital e liquidez permanecerão nos níveis atuais ou até mesmo mais robustos”.

O banco prevê que o portfólio de crédito aumente cerca de 15% e que as receitas da área cresçam também apoiadas em uma “gestão dinâmica do risco de crédito, padrões de underwriting mais rígidos e spreads de crédito mais altos”.

O headcount das áreas de backoffice ficará estável, o que tende a aumentar a eficiência.

Já as as receitas do investment banking devem diminuir, em proporção semelhante à queda de 2021-2022, em razão da expectativa de atividade mais fraca dos mercados de capitais. “Se os mercados de capitais reabrirem durante o ano, essa previsão se mostrará conservadora”, diz o BTG.