A capital chilena está em chamas.

Um aumento de 30 pesos na passagem do metrô — decretado há quase duas semanas — está causando caos em Santiago.

Na sexta-feira, estudantes convocaram uma ação conhecida como “evasión massiva”, em que todos pulam a catraca do metrô sem pagar a passagem. Foi o início de uma tarde e noite de distúrbios e confrontos com os carabineros, a PM chilena. 
 
O orgão de transporte de Santiago decidiu fechar todas as estações de metrô, o que não evitou que mais de 40 fossem vandalizadas e incendiadas. Vários ônibus também foram destruídos nas ruas. A noite terminou com o Presidente Sebastián Piñera decretando estado de emergência e transferindo o controle da cidade para o General Iturriaga.
 
Os eventos lembram o que aconteceu no Brasil em 2013, quando um aumento nas passagens de ônibus em São Paulo evoluiu para um protesto mais amplo e levou milhões às ruas de todo o País.
 

Neste sábado, os Santiaguinos amanheceram com a sensação de que o pior já tinha passado, mas por volta do meio dia, a calmaria deu lugar ao pânico. 

 
Com a divulgação da notícia de novas manifestações, começou uma correria generalizada. Shoppings e supermercados fecharam as portas para evitar saques, e muita gente correu para casa para evitar o caos do dia anterior.

Às 18hs, o governo cedeu e voltou atrás, cancelando o aumento das passagens. 

 
Piñera convocou os “chilenos de bem” a condenar a violência e todos os setores a uma grande discussão sobre as demandas coletivas. Não foi suficiente. A onda de saques e violência seguiu numa escalada sem precedentes tanto na periferia quanto no centro de Santiago.

Poucas horas depois, o general Iturriaga decretou toque de recolher e suspendeu as liberdades individuais dos cidadãos da cidade (das 22 horas às 7 da manhã de domingo).

Agora à noite, ouviam-se panelaços e buzinaços no bairro de Las Condes, um dos mais privilegiados de Santiago, o que sugere que o descontentamento é geral e vai muito além do aumento das passagens.

Apesar do caos em algumas partes da cidade, em outras se vêem famílias batendo panelas e protestando pacificamente.