O Grupo Mateus vai estrear na Bolsa valendo R$ 20 bilhões, uma transação emblemática que traz para a B3 um caso de execução consistente numa região repleta de oportunidades.
 
Este é o maior IPO da história do Nordeste — à frente da Hapvida — e o maior da B3 desde a oferta da BR Distribuidora em dezembro de 2017.
 
10913 98334859 9648 d65a 1462 de8198c55f0eA companhia precificou a oferta no piso da faixa que vai de R$ 8,97 a R$ 11,66.
 
O múltiplo — 22 vezes o lucro esperado para 2021 — é um prêmio de 57% sobre o Grupo Pão de Açúcar e 33% sobre o Carrefour Brasil, refletindo a crença do mercado de que a companhia sustentará seu crescimento atual.
 
A companhia vendeu 397 milhões de ações na oferta base — 100% primária — e a família controladora fez liquidez colocando pelo menos 70% do hot issue (os números ainda estão fluidos na hora dessa publicação).  O free float ficará entre 20% e 22%.
 
O book total chegou a cinco vezes o tamanho da oferta e incluiu ordens relevantes do Leblon e de duas gestoras internacionais, mas, dado o nível de preço, os bancos aconselharam a companhia a deixar algum dinheiro na mesa para garantir uma boa negociação na estreia.
 
A oferta produz um novo bilionário brasileiro e mais uma história de riqueza self-made.  Para colocar em perspectiva, o valor de mercado do grupo faz do fundador Ilson Mateus — um ex-garimpeiro que encontrou seu ouro no varejo — mais rico que Abilio Diniz, cuja fortuna recentemente foi avaliada pela Forbes em US$ 2,3 bilhões.  Depois da oferta, Ilson continuará dono de 80% do negócio.
 
Agora, o Mateus vai usar os recursos do IPO para consolidar seu domínio nos estados do Maranhão, Piauí e Pará, antes de partir para um novo estado, o Ceará.
 
Os cordenadores foram: XP (líder), BTG Pactual, Itaú BBA, Bradesco BBI, Santander, Banco do Brasil e Safra.
 
Nos seis primeiros meses deste ano, o Mateus faturou R$ 5,1 bilhões, um crescimento de 30% sobre o mesmo período do ano passado. O lucro líquido foi de R$ 297 milhões, uma alta de 78%. O EBITDA, de R$ 478 milhões, teve um crescimento de 62%, e a margem EBITDA ajustada avançou de 6,4% para 8,1%.