A Eneva desistiu da proposta de incorporação da AES Tietê, depois que a transação enfrentou resistência por parte da controladora — a AES Corp — e do conselho da geradora.
 
A desistência — publicada num Fato Relevante no final da noite — vem um dia depois da AES Corp apresentar a tese jurídica de que os preferencialistas da Tietê não teriam direito de decidir o futuro da companhia — apesar da letra da lei do regulamento do Nível 2 da B3 e do estatuto da empresa dizerem o contrário.
 
“A operação era muito boa para as duas companhias,” o CEO da Eneva, Pedro Zinner, disse ao Brazil Journal. “Fomos ao conselho da AES Tietê convictos de que eles se convenceriam dos méritos, assim como boa parte do mercado se convenceu. Tínhamos esperança que o conselho fosse diligente, negociasse, propusesse alguma alternativa e aparecesse em uma reunião. Infelizmente não foi o que ocorreu e quando estávamos estudando melhorar ainda mais a proposta, para tentar que eles novamente engajassem numa conversa séria, veio essa carta da AES Corp dizendo que o nível 2 da B3 não vale.”

No Fato Relevante, a Eneva complementa:  “No entendimento da Eneva a Operação não deveria seguir, nesse momento, em meio a um provável embate acerca dos direitos dos acionistas titulares de ações preferenciais da AES Tietê e os interesses do acionista controlador daquela companhia.” 

 
Com a desistência da Eneva, o BNDES agora só tem um caminhos para monetizar sua participação da empresa: vender para a própria AES Corp ou fazer uma venda em Bolsa quando os mercados se estabilizarem.  Uma primeira oferta feita pela AES na semana passada já foi rechaçada pelo banco.
 
A desistência vai frustrar investidores institucionais que já participavam do capital da Eneva e que nos últimos dias compraram ações da AES Tietê para votar a favor da proposta. 
 
A transação criaria uma companhia diversificada de energia com 6,4 gigawatts de capacidade instalada (somando os projetos greenfield em construção nas duas empresas), mais de R$ 20 bilhões em valor de mercado, um fluxo de caixa mais duro e previsível e um custo de capital menor.
Como as hidrelétricas são ‘despachadas’ no primeiro semestre (quando as chuvas são mais comuns) e as térmicas e eólicas, no segundo semestre, a transação otimizaria a capacidade da empresa combinada.

A Eneva estava propondo incorporar a AES Tietê, cujos acionistas receberiam 40% do valor em caixa e 60% em ações da Eneva.  

 
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