O Brasil não tem dado muita alegria nas últimas Copas do Mundo – mas, quando se trata de olimpíadas científicas, o País não para de acumular títulos. 

Um time brasileiro acaba de ganhar (mais uma) Olimpíada Internacional de Economia — levando o tetracampeonato para casa e se consagrando como o maior vencedor da competição desde que ela foi criada em 2018. 

A edição deste ano aconteceu na Grécia, reuniu delegações de 48 países e durou 10 dias, nos quais os participantes realizaram três provas — duas individuais e uma em grupo. A primeira é de teoria econômica, com perguntas sobre macro e micro economia, teoria dos jogos e economia comportamental, por exemplo.

10759 b39bae31 42fb 3af9 a036 6652d0ed8976A segunda é de finanças: os participantes têm acesso a um terminal Bloomberg e precisam escolher a melhor alocação de capital de acordo com alguns cenários dados pela competição. Um dos cenários deste ano foi estar posicionado em juros na Rússia num momento em que acontece um choque de oferta que afeta o preço do petróleo. 

A terceira prova é um business case em grupo. Na Olimpíada deste ano, as equipes tiveram que definir se deveriam ou não participar de uma PPP na Grécia. 

A vitória do Brasil foi apertada.

O País ganhou com uma margem de apenas 0,8 ponto em relação ao segundo colocado, a Indonésia, a zebra da competição. (O país asiático nunca tinha subido no pódio de nenhuma das outras edições). O terceiro colocado foi o Canadá. 

O Brasil ficou em primeiro lugar em praticamente todas as últimas edições. Levou o troféu de ouro em 2019, 2020 e 2021 e ficou em segundo lugar no ano passado, quando os Estados Unidos ganharam a competição.  

Para Raphael Zimmerman, o líder da delegação brasileira (uma espécie de treinador dos participantes), a vitória mostra “o potencial que o Brasil tem em termos de talentos.”

“Dá muito orgulho a performance que temos tido nos últimos anos, ganhando de países que têm uma tradição muito grande na economia. E ganhar quatro vezes está muito claro que não é sorte. Temos muitos talentos que podemos alavancar,” disse Raphael. 

A agenda de olimpíadas científicas ainda tem muito a crescer no Brasil, no entanto.

Nos Estados Unidos, a participação em olimpíadas científicas, especialmente a de matemática, é um fator que pesa muito na candidatura de alunos para as universidades e no processo seletivo de algumas empresas. 

“Fundos quantitativos, por exemplo, olham muito para a IMO [International Mathematical Olympiad] na hora de contratar,” disse Raphael. “No Brasil, as empresas e a academia ainda não têm essa cultura.”

Também falta um estímulo maior das escolas fundamentais — públicas e privadas — para a participação dos alunos nesse tipo de competição. 

A boa notícia é que a Olimpíada pode ganhar ainda mais visibilidade no Brasil. Segundo Raphael, a delegação brasileira recebeu uma abordagem da organização do evento sugerindo que o Brasil sedie a competição do ano que vem, dado o histórico do país na competição. 

“Temos duas semanas para dar uma resposta para eles. O maior gargalo é funding, porque envolve organizar um evento internacional para mais de 400 pessoas. Mas é uma oportunidade muito boa,” disse ele.

Além de Raphael, a equipe de atletas da economia incluiu outros sete estudantes: Leonardo Zanetti Souza, Lucas Monteiro Rivelli, Luiz Filipe Peres, Nicolas Goulart, Pedro Porto de Carvalho Nunes, Renato Timoteo Wanderley, e Vitor Alexandre Camargo.

O grupo passou por uma extensa preparação com a Bain & Company antes da competição, teve o patrocínio do BTG Pactual, que bancou a viagem à Grécia e deu treinamentos dentro do banco, e o apoio da Verde Asset. 

Os sete selecionados para a competição tiveram que passar por uma etapa nacional na qual competiram mais de 20 mil estudantes para chegar nos oito melhores que formaram a equipe brasileira.