O CEO brasileiro é o que carrega a maior responsabilidade em liderar sua organização no caminho da digitalização. Em uma pesquisa recente da McKinsey, 43% dos executivos confirmaram que o C-level é quem deve ser responsável pela estratégia 4.0 da companhia – o dobro da média global.
 
A pressão vem principalmente pela baixa produtividade brasileira, 70% menor que a de países como Japão, Estados Unidos e Alemanha. A lacuna continua a aumentar, pois nossa produtividade cresce somente a metade da velocidade desses países.
 
Dois terços das empresas testaram ou estão testando soluções digitais como internet das coisas; métodos estatísticos avançados (‘advanced analytics’), para manutenção preditiva e previsão de demanda; e automação, que vai desde o uso de robôs a veículos autônomos. Apesar da onda de interesse sobre o tema, os executivos não estão conseguindo tirar total proveito das tecnologias que tornam suas indústrias mais competitivas.
 
Poucas transformações digitais decolam com sucesso. O mesmo estudo mostra que quase 70% das empresas que iniciaram pilotos estão lutando para seguir em frente e entregar um impacto sustentável em escala. Soluções que poderiam criar uma verdadeira vantagem competitiva acabam perdidas na selva tecnológica. Isso mostra que o estímulo de começar a elaborar soluções nem sempre se traduz nas implantações necessárias para gerar impacto no negócio.
 
É comum que a equipe executiva se sinta confusa sobre como navegar por essas quatro áreas. O resultado, na maioria das vezes, são soluções que não proporcionam a melhoria esperada de produtividade, custo, qualidade ou confiabilidade.
 
Para ter sucesso na Indústria 4.0 e fazer isso em escala, não basta se apegar somente à tecnologia. É preciso uma transformação completa, passando pela estratégia de negócios, cultura organizacional, capacitação da liderança e funcionários, além das soluções de tecnologia.
 
Acima de tudo, acreditamos que o futuro prometido pela Indústria 4.0 será impulsionado pelo fator humano. Nenhuma tecnologia alcança resultado sozinha. As soluções avançadas geralmente falham não por produzirem resultados falhos, mas porque a força de trabalho não entende ou confia nesses resultados.
 
O valor surge a partir da combinação das ferramentas e das pessoas que as utilizam. Por exemplo, se você é uma indústria de transformação e seus engenheiros de processo não entendem como métodos de estatística avançada funcionam (e/ou não foram diretamente envolvidos no desenvolvimento e implantação dos modelos), é muito provável que o impacto esperado não será entregue.
 
No Brasil e no mundo, vemos empresas com muito sucesso em suas transformações digitais. O segredo: concentre-se no impacto financeiro. O resultado de negócio raramente estará somente em uma solução de tecnologia, envolvendo também o refinamento de processos existentes, uma mudança na mentalidade da liderança e da organização e na capacitação das equipes que trabalharão com essas tecnologias.
 
Saber o que priorizar é fundamental.
 
Henrique Ceotto é sócio da McKinsey em Belo Horizonte, de onde lidera o escritório de Minas Gerais e a prática de Metalurgia e Mineração no país.

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