A BR Partners aumentou sua receita em 31% no primeiro semestre, com o resultado das áreas de tesouraria de clientes e mercado de capitais mais que compensando a queda na atividade do banco de investimentos. 

A BR Partners teve receita de R$ 199 milhões de janeiro a junho, e um lucro líquido de R$ 80 milhões, uma alta de 22%.

A margem líquida ficou em 40,3%, uma queda de 3,1 pontos percentuais na comparação anual.

A margem caiu basicamente pelo aumento das despesas administrativas, que subiram 39% no período. O banco ampliou sua estrutura, contratou mais funcionários, e viu os custos com viagens corporativas voltar depois de um ano de reuniões por Zoom; e o custo com a estruturação das operações também aumentou. 

O grande destaque de crescimento foi a área de tesouraria de clientes, cuja receita mais que dobrou no período para R$ 34 milhões. 

Antes do IPO, em junho de 2021, a BR Partners não tinha capital regulatório suficiente para fazer operações de derivativos para grandes clientes, já que o Banco Central impõe um cap de 25% do capital exposto num único cliente. 

Com os recursos do IPO, a empresa viu seu limite saltar de R$ 40 milhões por cliente para R$ 120 milhões, o que abriu espaço para fechar novas operações desse tipo. 

Outra notícia que contribuiu para esta vertical foi o aumento do rating de crédito da companhia.

Já a receita da área de mercado de capitais cresceu 13% no semestre para R$ 47 milhões – com o volume de operações de estruturação e distribuição de dívida disparando. 

No primeiro semestre, a BR Partners participou da emissão de R$ 3,7 bilhões em dívidas – um volume três vezes maior que o do mesmo período do ano passado. 

A maior parte (R$ 1,8 bilhão) das emissões foram de debêntures – outro mercado em que a companhia só conseguiu entrar graças ao IPO. (Neste mercado, os bancos frequentemente precisam dar um ‘firme’ para ganhar a operação.)

Apesar do volume de emissões ter triplicado, a receita da BR Partners com essas operações subiu apenas 12%. Isso ocorreu por dois motivos: a BR Partners entrou em várias operações sindicalizadas, nas quais captura apenas uma parcela da receita total; e teve que fazer provisões de dívidas que colocou para dentro.

“Quando trazemos uma dívida nova temos que fazer provisão em cima do risco dessa dívida na hora que ela entra, mas o carrego dessa dívida [a receita com os juros] só vem depois,” explicou um executivo. 

Na área de investment banking, a BR Partners teve receita de R$ 73 milhões, cerca de 15% menos que no ano passado – uma base de comparação muito forte, dado que o mercado de M&As e IPOs estava particularmente aquecido.

“Olhando de uma perspectiva histórica, o nível de atividade [do banco de investimentos] continua bom,” disse Jairo Loureiro, o co-head de investment banking. “Abaixo do ano passado, que foi um ano recorde para a indústria, mas longe de ser ruim.”

A BR Partners também anunciou que vai distribuir R$ 41 milhões em dividendos – um payout de 50% em relação ao lucro líquido do semestre e um dividend yield anualizado de cerca de 5%.