A oferta de ações da BR Distribuidora deve sair entre R$ 24 e R$ 24,50.
A situação ainda é fluida mas, ontem à noite, o book era de quase cinco vezes o tamanho da oferta num nível de R$ 23; pouco mais de duas vezes o tamanho da oferta a R$ 24 e 0,8 vez a oferta a R$ 25.
Os bancos estão pedindo a clientes que fatiem suas ordens em faixas de preço para serem atendidos. Muitas ordens, colocadas no início do processo a R$ 22 (quando o preço de tela do papel era R$ 24) ainda não foram reajustadas à nova realidade (a ação chegou a negociar a acima de R$ 26 e hoje sai a R$ 25,40). Há relatos de diversas ordens de fundos globais na faixa de R$ 500m-R$ 600m — e expectativa entre os bancos de algumas destas ordens sejam ajustadas na última hora.
A Petrobras deve anunciar o pricing entre 15 e 17 horas. A R$ 24, a oferta sairia 5,5% abaixo do preço de tela (as of 11:30 a.m.), um desconto razoável para uma operação de mais de R$ 9 bilhões.
A tendência é que a Petrobras coloque não apenas a oferta base, mas também o greenshoe e o hot issue, o que reduzirá a participação da estatal na BR para 37,5%.
Grandes gestores do mercado como Itaú Asset, Opportunity e SPX Capital estão se organizando para escolher nomes para o conselho. Dois nomes circulando: Roberto Mendes, o ex-CFO da Localiza, e Dan Ioschpe, presidente do conselho da Iochpe-Maxxion.
“A ideia é termos um conselho ativo, que participe da gestão,” diz um gestor. “O modelo aqui é a Equatorial, que é uma corporation mas tem um conselho que olha pela empresa. Este é o futuro do do mercado de capitais.”
Na nova configuração, a Petrobras deverá ficar com apenas três dos nove assentos do conselho.
Numa ex-estatal que está se reinventando como ‘corporation’, uma coisa é certa: os investidores vão ter que arregaçar as mangas para instalar um chairman que organize as prioridades estratégicas e a pauta do conselho.
O fato da BR estar cheia de ‘mato alto’ é consenso no mercado, mas o maior risco do investimento na distribuidora é justamente a capacidade do management de entregar as melhorias de eficiência prometidas. “Vão conseguir enxugar a empresa? Executar rápido? Com a velocidade que o mercado espera?”, pergunta um gestor.
Um investidor institucional que decidiu ficar de fora ainda teme os riscos de interferência do Governo.
A independência da BR “vale com este Governo e enquanto o Paulo Guedes estiver lá, mas quem garante que um próximo governo não chame uma assembleia e use estes 37,5% para fazer a maioria do conselho?”
“Achamos que os 37,5% ainda é um percentual elevado para achar que diminuiu o risco político, e o risco político se manifesta em dois níveis: na nomeação do conselho e nas pessoas que estão no management e podem sofrer influência do Governo,” diz o gestor.
“O movimento é na direção certa, mas a companhia pode não ter ainda todo o grau de liberdade que precisa. Só vamos saber com o tempo.”