Seis meses atrás a Marfrig assumiu de fato o controle da BRF, elegendo sua chapa para o conselho de administração da dona da Sadia e Perdigão depois de comprar 33% do capital da empresa.

De lá pra cá, a coisa foi feia para o frigorífico de Marcos Molina — com sua ação performando bem pior que a da empresa adquirida: enquanto a Marfrig caiu mais de 35% no período, a BRF ficou praticamente estável.  

O Bank of America notou essa distorção num relatório publicado hoje — e disse que acha essa diferença de performance exagerada.

Ainda assim, o banco não espera uma reversão desse cenário tão cedo, dado que o “momentum de resultados da BRF é muito mais favorável” que o da Marfrig. 

Ao mesmo tempo em que a BRF melhorou seus resultados no segundo trimestre — depois de um primeiro tri fraco — a Marfrig vem sofrendo com a mudança no ciclo de gado nos EUA, que deve impactar suas margens. 

Há ainda outros dois fatores pesando na ação da Marfrig. O primeiro é que a consolidação do investimento da BRF no balanço vai tornar mais complexo para os investidores analisarem a empresa. 

O outro ponto: com a Marfrig negociando a 4,4x EV/EBITDA para 2023, o papel carrega um prêmio “injustificado” de 10% em relação à JBS — mesmo tendo uma diversificação menor e estando mais endividada. 

Nesse cenário, o Bank of America aumentou seu preço-alvo para a BRF de R$ 18 para R$ 19,50 e reduziu o da Marfrig de R$ 22 para R$ 21, ambos com recomendação neutra. Os papeis fecharam o dia a R$ 16,37 e R$ 14,02, respectivamente.

Ainda que tenha uma visão melhor para a BRF, os analistas disseram que continuam com uma recomendação neutra para a empresa por causa de seu alto endividamento, queima de caixa e falta de visibilidade sobre a estratégia de longo prazo.