A Bionexo — cujo software conecta hospitais e clínicas com fornecedores de suprimentos médicos — deve se tornar a primeira healthtech listada na América Latina num IPO que pode avaliar a empresa em mais de R$ 1 bilhão.

A companhia pretende levantar R$ 500 milhões numa oferta primária e pelo menos R$ 300 milhões numa oferta secundária para garantir uma liquidez mínima ao papel, pessoas a par dos planos da companhia disseram ao Brazil Journal

Os coordenadores são Itaú BBA (líder), BTG Pactual, UBS BB e Bank of America. 

As soluções da Bionexo hoje atendem a 2.200 compradores e 30.000 fornecedores de insumos médicos. Hospitais e clínicas pagam uma assinatura mensal por entender que a Bionexo reduz custos e aumenta a eficiência das compras pela digitalização dos processos. 

Ao contrário da maioria dos marketplaces, a plataforma não cobra um take rate — e 99% de sua receita é recorrente.

Uma parcela dos fornecedores que vendem pela Bionexo — 3.300 no final de dezembro — pagam para ter acesso a soluções, incluindo a capacidade de responder a um volume maior de demandas e ganhar acesso a soluções de analytics e inteligência de preços, por exemplo. 

A tese de investimento na Bionexo se apoia em três pilares: a contínua digitalização do setor de saúde, que gera crescimento orgânico; uma maior monetização dos clientes atuais, com estratégias de upselling e cross-selling e criação de serviços financeiros; e, finalmente, crescimento via M&As que tragam soluções complementares a seu portfólio, aumentando o cross-selling.

No ano passado, a Bionexo teve um GMV de R$ 11,7 bilhões, receita de R$ 90 milhões e margem bruta de 63,9%. Em dezembro, o ARR (‘annual recurring revenue’, ou receita do mês anualizada) era de R$ 114 milhões.   

Nos últimos três anos, a Bionexo cresceu receita, GMV e ARR a taxas compostas de 15,8%, 15,6% e 21,4%, respectivamente.

A empresa está buscando um valuation de 8x a 10x a receita estimada para 2021, em linha com o múltiplo das principais empresas de ‘software as a service’ (SaaS) globais. 

Cerca de 70% da Bionexo vem de sua principal solução — o marketplace — mas nos últimos anos a companhia agregou serviços como gestão de estoque, planejamento de compras e gestão de ciclo de receitas de hospitais. 

A companhia foi fundada em 2000 por Mauricio de Lazzari Barbosa, que ainda tem 26,3% do capital. Seu filho Rafael, que trabalha na empresa há seis anos, é o CEO. O fundo soberano Temasek, que investiu no final de 2018, tem 31%. O maior acionista é a Prisma Capital, a gestora de ativos alternativos de Marcelo Hallack, Lucas Canhoto e João Mendes, com 41,6%. 

A Bionexo teve um ‘net retention rate’ — uma métrica que mostra a evolução do tíquete médio dos clientes — de 146% em 2020. Ou seja, um cliente que comprava R$ 100 mil em soluções da empresa em 2019 passou a comprar R$ 146 mil um ano depois. 

Outra métrica importante no mundo SaaS — o ‘lifetime value/CAC’, que mede o quanto a empresa gera de receita por cliente por cada real gasto para adquiri-lo — é de 6,3x, um índice equivalente ao das melhores empresas de SaaS, segundo um estudo anual da Bessemer Venture Partners.