Se não pode com eles…
A ação da Magazine Luiza sobe mais de 11% hoje depois que a varejista anunciou uma parceria com o AliExpress para a venda cruzada de produtos nas duas plataformas — um movimento que vai expandir o portfólio do Magalu nos produtos importados de baixo custo e criar um novo canal de venda para seus produtos 1P.
Pelos termos do acordo, o AliExpress passará a operar como um seller no marketplace do Magalu, vendendo seus produtos da linha ‘Choice’ — um serviço premium de venda de produtos com melhor custo-benefício e maior velocidade de entrega.
Na outra ponta, o Magalu passará a vender seus produtos 1P (principalmente bens duráveis) na plataforma brasileira do AliExpress.
As duas companhias serão remuneradas com um take rate pré-acordado (mas não divulgado). Inicialmente, toda a logística ficará a cargo do vendedor, e os pedidos do AliExpress feitos no marketplace do Magalu serão importados por meio do programa ‘Remessa Conforme’.
A parceria — que começou a ser discutida no final do ano passado — foi amplamente elogiada pelo sellside, ajudando a impulsionar o papel, que sobe mais de 11% no início da tarde. Mesmo com a alta, a ação ainda acumula queda de 62% nos últimos 12 meses.
“Vemos o anúncio como positivo porque ele aprofunda a oferta 3P [do Magalu] com SKUs que não eram foco da companhia (produtos de baixo tíquete) e numa estrutura em que o Magalu não terá que arcar com os custos de delivery, melhorando o unit economics e potencialmente aumentando as conversões e recorrência,” escreveu o JP Morgan.
O BTG notou que o Brasil é um mercado ‘top 5’ para o AliExpress no mundo, e que as duas plataformas combinadas têm mais de 60 milhões de usuários ativos no País — o que vai aumentar a frequência de compras e a diversificação de categorias do Magalu.
A XP também elogiou o acordo, dizendo que ele vai permitir à companhia “rapidamente expandir seu alcance nas categorias long-tail cross border.”
Para a XP, no entanto, o benefício de vender os produtos 1P do Magalu no AliExpress será limitado dado o posicionamento da plataforma, que é mais focada em produtos de tíquete baixo.
“Também acreditamos que o anúncio sinaliza que o ambiente competitivo dos marketplaces e as perspectivas de crescimento são desafiadoras no Brasil, com a consolidação sendo um caminho para lidar com a taxa de importação recém aprovada e com a chegada da Temu.”
Um acordo deste tipo é inédito para as duas empresas.
É a primeira vez que o Alibaba (o dono do AliExpress) faz um acordo estratégico com uma companhia fora da China, e é a primeira vez que o Magalu vende seus produtos 1P em outro marketplace.
O Magalu vale perto de R$ 9 bilhões na B3.