A JAB Holdings, a holding europeia com cerca de US$ 110 bilhões investidos em empresas de consumo, está abrindo um escritório no Brasil que será usado como base para prospectar investimentos em mercados emergentes.
 
Para liderar a iniciativa, a JAB atraiu Ricardo Rittes, um veterano de 14 anos de Anheuser-Busch Inbev (ABI), que acaba de se tornar sócio global da holding.
 
10601 227aef8a 9698 405d b400 75fd153fbf9fRittes começou sua carreira na Ambev e chegou a tesoureiro global da ABI. Mais tarde, voltou ao Brasil como CFO da Ambev, cargo que deixou em julho do ano passado.
 

Frequentemente comparada à Berkshire Hathaway por sua participação em diversas empresas, a JAB Holding (junto com seu JAB Consumer Fund) é controladora de empresas como Keurig Dr Pepper, Panera Bread, Pret A Manger, Peet’s Coffee & Tea, Krispy Kreme Doughnuts, entre outras.

 
A JAB também é a maior acionista da Coty, a marca de cosméticos, e da holding da marca de luxo Bally, além de deter uma participação minoritária na Reckitt Benckiser, a multinacional de produtos de limpeza e higiene. Depois da Nestlé, a JAB é o segundo maior player de cafe do mundo, e é dona do Café Pilão no Brasil.

 
Rittes deve ter cinco mandatos como sócio: prospectar novos investimentos — em mercados emergentes ou globalmente; ajudar na gestão das empresas do portfólio; facilitar os relacionamentos bancários da JAB e das investidas, dada sua experiência em estruturação de dívida; ajudar na eventual captação de um novo fundo; e trabalhar na gestão de risco do portfólio.
 
Ele vai abrir um escritório em São Paulo e começa a trabalhar em 2 de fevereiro.
 
Os três sócios fundadores da JAB são Peter Harf, Olivier Goudet e Bart Becht. (A JAB anunciou hoje que Becht vai se aposentar este ano.)
 
Peter e Olivier conheceram Rittes na ABI, onde Olivier sucedeu Peter como chairman.
 
A proximidade da JAB com os sócios brasileiros da ABI começou na época da fusão da Ambev com a Interbrew.
 
O valuation da cervejaria europeia era maior que o da brasileira, mas o acordo de acionistas costurado deu a Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira direitos iguais aos dos sócios belgas.
 
Com o conselho dividido salomonicamente, o voto de minerva era criticamente importante, e ficava nas mãos do chairman, um conselheiro independente. À época, o escolhido foi Peter Harf, que já tinha um histórico respeitável como gestor dos investimentos dos Reimann, a família mais rica da Alemanha, e era uma unanimidade entre brasileiros e belgas.
 
O relacionamento com os brasileiros se aprofundou, e Peter eventualmente se tornou um investidor na 3G Capital.
 
Há cerca de sete anos, Peter convenceu os Reimann a abrir a JAB — até então um veículo exclusivo da família — para captação externa. A família continuou investidora, e Peter, Olivier e Bart levantaram cerca de US$ 11 bilhões. Hoje, dos US$ 110 bilhões sob gestão, cerca de US$ 40 bilhões estão na forma de equity e outros US$ 70 bilhões como dívida.
 
Rittes está se tornando sócio junto com outros dois veteranos da indústria de consumo: o francês Fabien Simon, que será o novo CFO da JAB, e o polonês Jacek Szarzynski, que será o principal sócio operacional encarregado dos investimentos na Pret a Manger e Panera.