Quanto vale uma empresa que leva vacinas na sua casa — no meio de uma pandemia?
A Beep Saúde acaba de descobrir.
A startup carioca levantou R$ 110 milhões numa rodada que avaliou seu negócio de medicina domiciliar em R$ 670 milhões (post money).
Antes que você fique animado: não, a Beep não tem a vacina contra covid para vender, mas pretende entrar nesse mercado assim que a lei permitir.
A captação foi liderada pela Valor Capital, do ex-embaixador dos EUA no Brasil, Clifford Sobel, e teve a participação do fundo Endeavor Catalyst, liderado no Brasil por Igor Piquet.
A DNA Capital, da família Bueno, a Bradesco Seguros e o fundador do Nubank, David Vélez, já eram investidores e acompanharam a rodada — a terceira desde que a Beep foi fundada pelo médico Vander Corteze há três anos.
A empresa começou com um serviço de vacinação em domicílio: o cliente faz o agendamento pelo app e uma equipe de enfermagem vai até sua casa aplicar vacinas contra doenças como sarampo, gripe e H1N1.
Desde outubro, a startup começou também a oferecer a coleta de exames laboratoriais de análise clínica (aqueles feitos com amostras de sangue e urina) — um mercado 20x maior que o de vacinas e que tem o dobro da margem.
Nesta vertical, a Beep faz apenas o ‘front’: depois de coletadas, as amostras são processadas pela Dasa no modelo ‘lab-to-lab’. (A Beep estuda verticalizar a operação no futuro).
O grande atrativo da Beep é que ela consegue cobrar o mesmo preço das clínicas tradicionais de vacinação com a comodidade de o cliente não ter que sair de casa (um diferencial competitivo que vale ouro na pandemia).
“Serviços médicos domiciliares já existem desde antes de nascermos, mas era algo premium, restrito a poucos,” Vander disse ao Brazil Journal. “O que fizemos com o uso de muita tecnologia foi conseguir oferecer isso a um custo extremamente acessível.”
A fórmula mágica? Uma logística azeitada.
“Se uma enfermeira sair para fazer só três vacinações por dia, o ‘unit economics’ simplesmente não para de pé,” diz Vander.
A receita da Beep, que foi de R$ 4 milhões em 2018; pulou para R$ 20 mi em 2019 e mais de R$ 50 milhões ano passado. Para este ano, quando a startup deve aplicar mais de 300 mil vacinas, a expectativa é chegar a R$ 140 milhões.
Apesar de ter começado com as vacinas, a Beep quer se tornar um ‘one-stop shop’ da saúde, ocupando o mesmo espaço no smartphone dos consumidores que a Amazon ocupa nas compras e o Spotify, na música.
Os próximos passos passam por crescer no segmento de laboratórios, que pode representar metade da receita em 2024, e começar a oferecer também infusão de medicamentos de alta complexidade a domicílio, bem como o delivery de remédios.
A Beep é o segundo negócio de Vander, que, depois de se formar em medicina na UFRJ largou a profissão para fazer um curso de gestão de negócios no IBMEC.
Durante o curso, desenhou o ‘business plan’ do que seria sua primeira startup: a BR Med, uma rede de clínicas de medicina do trabalho que já tem 12 unidades e fatura R$ 80 milhões.