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Dois dias depois dos bancos que participaram do IPO do Carrefour Brasil começarem a cobrir o papel com perspectivas otimistas, a matriz francesa cortou nesta quarta-feira as projeções de crescimento das vendas para este ano — culpando em parte a operação brasileira. 

O Carrefour mundial reduziu a projeção de crescimento de receita de uma faixa que ia de 3% a 5% para outra de 2% a 4%. O motivo, segundo o CFO Pierre Jean Sivignon, foi principalmente “uma forte queda” na inflação de alimentos no Brasil.

O resultado da companhia saiu depois do fechamento da Bolsa de Paris, mas reverberou no Brasil: os papéis do Carrefour Brasil caíram 2,62%, para R$ 16, devolvendo parte da alta de 6,5% dos dois pregões anteriores. A ação do concorrente Pão de Açúcar caiu 2,32%, para R$ 72,35, entre as maiores baixas do Ibovespa.

Nesta quinta, as ações do Carrefour global operam em queda de 14,6% no meio do pregão europeu com um volume sete vezes maior que a média. A ação negocia agora em seu menor valor desde 2012.

Este foi o primeiro resultado da matriz do Carrefour apresentado por Alexandre Bompard, que assumiu o grupo em julho em substituição a Georges Plassat.

Na teleconferência com analistas, Bompard disse que o Carrefour “enfrenta uma série de desafios,” tais como acelerar sua transformação digital para se tornar “verdadeiramente multicanal” — à luz da compra da Whole Foods pela Amazon — e “dar nova vida aos nossos hipermercados, principalmente na França.” 

O lucro operacional caiu 12% na segunda metade do ano (ou 21,5% em câmbio constante). E a direção sinalizou que o desempenho deve se repetir no restante do ano.

O principal problema foi a França, onde a competição com o varejo online e concorrentes com preços mais baixos reduziu as margens.

A direção frisou que a rentabilidade continua crescendo no Brasil, apesar de uma contribuição mais baixa da área de serviços financeiros, que ocorreu por conta de uma mudança regulatória que reduziu a cobrança de juros no crédito rotativo. 

No primeiro semestre, a receita do grupo Carrefour Brasil subiu 8% para R$ 23 bilhões, e o lucro subiu 13%, para R$ 440 milhões.

Bompard sinalizou hoje que quer acelerar a expansão digital, melhorar a operação de hipermercados na França e simplificar a estrutura do grupo. O executivo disse que vai apresentar um plano para melhorar os resultados até o fim do ano, mas já cortou os investimentos previstos para 2017 de € 2,4 bilhões para uma faixa entre € 2,2 bilhões e 2,3 bilhões.