A Bain Capital está fazendo um investimento de R$ 440 milhões na Bionexo — numa transação que transforma a gestora de private equity no maior acionista da companhia de software para a saúde e vai financiar sua estratégia de crescimento, incluindo M&As.
A transação — que avaliou a Bionexo em R$ 1,1 bilhão (post money) — vem cinco meses depois da empresa desistir de seu IPO em meio a um mercado mais reticente com teses de tecnologia.
A Bain está pagando um múltiplo de 6,5x a receita líquida estimada para este ano, e de 5,8x o anual recurring revenue (ARR) — considerando o ARR médio dos últimos três meses.
A Bionexo espera fechar o ano com um GMV de R$ 15 bilhões e um ARR de R$ 145 milhões, 27% acima do mesmo período do ano passado.
A maior parte da transação (R$ 300 milhões) será primária, mas há um componente secundário que dará saída parcial à Prisma Capital e à Apus, a holding de Maurício Barbosa, que fundou a empresa no início dos anos 2000.
Após o investimento, a Bain ficará com 43,2% da empresa, e o restante ficará nas mãos do novo bloco de controle, composto pela Apus, Prisma e Temasek.
A Bain já tem um histórico de sucesso com investimentos em saúde no Brasil: ela investiu na Notredame Intermédica antes do IPO e já se desfez de boa parte de sua posição. O investimento foi um dos melhores da história da Bain.
A capitalização vai financiar o crescimento da Bionexo via M&A e desenvolvimento de novos produtos. As duas estratégias têm um objetivo em comum: agregar novas soluções ao portfólio da Bionexo e com isso aumentar a monetização de seus clientes com estratégias de cross selling e upselling.
A Bionexo nasceu como um marketplace que conecta hospitais e clínicas com fornecedores de suprimentos médicos. Mas ao contrário da maioria dos marketplaces, ela cobra uma assinatura em vez de um take rate.
Nos últimos anos, a empresa começou a adicionar novas soluções, como planejamento e gestão de estoque; rastreabilidade do estoque comprado; analytics; além de criar um novo marketplace só para órteses, próteses e materiais especiais (OPME).
O produto principal da empresa — o marketplace de insumos médicos — ainda responde por cerca de 70% da receita, mas o CEO Rafael Barbosa disse ao Brazil Journal que mais da metade das novas vendas já está vindo de novos produtos, com a monetização da própria base.
“Ainda vai demorar um pouco porque a base é grande, mas a tendência é que conforme formos crescendo a divisão da receita vá se aproximando cada vez mais desse retrato das novas vendas,” disse Rafael, que também é filho do fundador da empresa.
A Bionexo já está em conversas para aquisições, com foco em dois tipos de alvo: softwares que ajudem a melhorar a oferta de produtos que a Bionexo já tem, ou que lhe permitam entrar na parte de clínica médica.
“Hoje, atuamos apenas no back office dos hospitais e clínicas, ajudando na gestão do estoque, nas compras, etc,” disse Rafael. “Vemos oportunidade de entrar também no front office, com softwares que ajudem no atendimento clínico. Podemos entrar, por exemplo, em prontuário médico, prescrição eletrônica e controle de TI.”
O investimento de hoje adia os planos de IPO da Bionexo “pelo menos até depois da eleição do ano que vem”, disse Marcelo Hallack, o fundador da Prisma. “Mas, francamente, essa solução que achamos foi melhor que o próprio IPO.”