A Atmos Capital vai investir R$ 810 milhões por uma participação de quase 5% na Compass, numa transação privada que avalia a empresa de negócios de gás da Cosan em R$ 16,5 bilhões (pre money), fontes a par do assunto disseram ao Brazil Journal.
Um anúncio ao mercado é iminente.
A transação é o maior investimento numa empresa privada feito pela Atmos — que administra R$ 17 bilhões — e mostra como gestoras de public equities estão tentando gerar retornos entrando no capital de companhias antes de seus IPOs.
Trata-se de uma transação cada vez mais comum para gestores com marcas fortes e um passivo de qualidade, dado que este tipo de investimento exige tolerância à iliquidez e o desejo por parte das companhias de ter estes investidores na base.
A Atmos está ficando com 4,68% da Compass, e parte do cheque está sendo feito em coinvestimento com clientes da gestora, dois deles disseram ao Brazil Journal.
O investimento não necessariamente adia os planos de IPO da Compass, mas aumenta a margem de manobra da companhia na eventualidade do ciclo eleitoral de 2022 causar volatilidade e fechar os mercados.
A Compass, que cancelou seu IPO em setembro passado quando o mercado se tornou hostil, não tem nenhum desembolso de capital previsto para o curto prazo.
A companhia está em negociação com a Petrobras para comprar os 51% da Gaspetro, mas o fechamento e o desembolso desta operação só são esperados para meados de 2022.
Neste ínterim, a Compass é vista como um dos principais interessados na privatização das distribuidoras de gás estaduais.
A transação reduz a dívida líquida da Compass de 1,6x para 1,3x seu EBITDA.
A tese de investimento na Compass — explicada a gestores no roadshow do IPO — tem três pilares principais. Primeiro, a ideia de que a Compass conseguirá replicar nas distribuidoras estaduais o mesmo padrão de excelência operacional que a Cosan implementou na Comgás. As distribuidoras que têm a Gaspetro como acionista nunca tiveram uma gestão capaz de fazer investimentos de upgrade de rede.
Segundo, como o Brasil vai dobrar sua produção de gás natural nos próximos 10 anos, a Compass seria a empresa mais bem posicionada para casar esta nova oferta com a demanda. Hoje, o que as petroleiras reinjetam de gás (por falta de demanda) é o equivalente a todo o consumo industrial brasileiro.
Finalmente, o gás é visto cada vez mais como a commodity que permite ao País continuar adotando a energia eólica e solar. Dado que essas duas fontes são intermitentes, as termelétricas a gás funcionam como uma fonte complementar, para o período da noite ou a falta de vento.
Pinheiro Neto assessorou a Cosan.
Trindade Advogados assessorou a Atmos.