A BRF lançou hoje a oferta anunciada há um mês que vai colocar pelo menos R$ 4,5 bilhões no caixa da companhia.
Como as empresas já haviam dito, a Marfrig e o Salic, o fundo soberano da Arábia Saudita, se comprometeram a colocar metade deste montante cada.
O valor total pode ser acrescido de 20% se o hot issue for exercido, elevando o total da oferta para R$ 5,3 bilhões.
Para que a oferta fosse adiante, os acionistas da BRF tiveram que aprovar a extinção da cláusula de poison pill — que obriga qualquer investidor que ultrapassar 33,3% do capital a fazer uma oferta por toda a companhia.
A Marfrig já tem 33% do capital da BRF e, após a oferta, chegaria a 38,7%.
Numa assembleia ontem à noite, 76% do capital votaram a favor da realização da oferta e 32% votaram a favor da extinção da poison pill, enquanto 15% votaram contra as duas matérias; o restante se absteve.
Na prática, a extinção do poison pill abre caminho para a Marfrig se tornar o controlador da BRF.
O pricing da oferta está marcado para o dia 13, mas o preço máximo da emissão deve ficar em R$ 9/ação, já que tanto a Marfrig quanto o Salic disseram que só vão investir o montante até este limite de preço.
Após a oferta, o Salic passaria a ter 16% do capital da BRF.
A capitalização vai ajudar a BRF a reduzir sua alavancagem num momento em que a companhia ainda sofre operacionalmente, com as margens da operação brasileira ainda em nível sub-ótimo e dificuldade em repassar preços num cenário de competição acirrada e aumento da oferta.
No primeiro tri, considerando os arrendamentos, a companhia fechou com uma alavancagem de cerca de 4x o EBITDA dos últimos doze meses.