A Bovespa achou um suporte — melhor dizendo, um ‘support’.

Investidores internacionais começaram a voltar para a Bovespa nos últimos dias, comprando principalmente ações de empresas de primeira linha.

Uma corretora americana diz ter comprado perto de 1 bilhão de reais para gringos nos últimos dias, e a pergunta que seu estrategista mais tem ouvido em visita a clientes nos EUA e Europa é: “Quando devemos comprar?”

A chave para este otimismo não está nos olhos azuis de Joaquim Levy, e sim na taxa de câmbio, que,

como dissemos aqui antes,

começa a atrair os gringos no patamar de 3,20.

Ao mesmo tempo, os últimos dados de emprego nos EUA mostram que a economia lá ‘parou de melhorar’, o que tende a enfraquecer o dólar no curto prazo, favorecendo a busca por ativos de risco em países emergentes.

A volta dos gringos cria um problema para muitos investidores locais que estão se segurando para comprar a Bolsa porque esperam preços ainda mais baixos na medida em que a recessão mostrar sua cara por inteiro.

Neste ambiente, múltiplos boatos de ofertas para fechamento de capital de empresas estão correndo o mercado.

Com muitas companhias negociando com desconto sobre seu valor patrimonial, e um pilha de caixa —a maior parte de private equity — esperando para ser aplicado, o ambiente atual é propício para estes rumores.

Um dos alvos desta especulação é a Mills, cuja ação chegou a subir 7% hoje, ainda que o volume tenha estado abaixo da média.

A ação da Mills, que negociava a 33 reais no início do ano passado, hoje sai por pouco mais de 8 reais, uma vítima colateral da Lava Jato, da recessão encomendada para este ano e um pouquinho de efeito pós-Copa. (Vai ter Olimpíada?)

A Mills tem vários clientes encrencados na Lava Jato e está procurando oxigenar sua carteira atendendo a novas empreiteiras.

Estes clientes vão aparecer. A destruição criativa garante isso. A dúvida é quanto tempo esse processo shumpeteriano vai demorar.

De qualquer forma, para um investidor com visão de longo prazo, uma oferta pelo controle da Mills nos níveis atuais parece fazer sentido — noves fora a possível oposição da família que ainda controla a empresa de fato.

A questão aqui é quando os fundos de private equity vão puxar o gatilho e gastar a munição que acumularam no ano passado.

O problema para os fundos é que as expectativas dos vendedores não caíram tanto.

“O Brasil piorou mais do que os valuations baixaram,” diz um dos maiores investidores de private equity do País, falando um pouco em causa própria. “As expectativas de compradores e vendedores ainda estão desencontradas. Se o Brasil piorar mais um ano, aí sim acho que a gente vai ver uma onda de transações, mas não acho que isso acontece agora não. Vamos ter um deal aqui e ali, mas não uma tendência.”

A menos, claro, que o câmbio continue a ajudar.