A Ambipar anunciou hoje que quer chegar a uma alavancagem de 2,5x EBITDA até 2026, em comparação a 3,1x de hoje — com essa queda vindo basicamente da geração de caixa livre da companhia.
É a primeira vez desde o IPO que a empresa de gestão de resíduos e resposta a emergências dá um guidance formal ao mercado.
O CFO Thiago Costa disse ao Brazil Journal que a empresa está se comprometendo a chegar a esse nível até 2026, mas que a ideia é acelerar e entregá-lo antes do prazo.
“Vamos gerar caixa, crescer o resultado e focar na integração e extração de eficiências,” disse Thiago.
Nos últimos anos, a Ambipar tem entregado consistentemente um fluxo de caixa livre negativo, já que vinha fazendo altos investimentos em M&As e no crescimento da operação.
Agora, o plano é virar essa conta para o positivo a partir de 2025, usando os recursos dessa geração de caixa livre para reduzir a dívida. A dívida bruta da Ambipar é de R$ 8 bilhões, e a empresa tem R$ 3,4 bilhões em caixa.
O guidance vem depois da Ambipar já ter feito diversos movimentos para reduzir sua alavancagem e reperfilar sua dívida.
Em novembro, ela fez um follow-on de R$ 770 milhões, bancado majoritariamente pelo controlador Tércio Borlenghi Júnior. Em fevereiro, levantou um green bond de US$ 750 milhões para pré-pagar cinco debêntures, aumentando a duration média de sua dívida de 3,5 para 5 anos.
Thiago disse que a empresa pretende fazer o reperfilamento das dívidas restantes nos próximos meses, aumentando a duration para 6 anos.
Em outro fato relevante, a Ambipar anunciou que Pedro Petersen, que era o CFO da Ambipar Response (a empresa de resposta a emergências controlada pela Ambipar e que se fundiu com um SPAC), vai assumir como chief strategy officer e diretor de RI da Ambipar.
Já Fábio Castro, o atual diretor de RI da Ambipar, será o CFO da Response.
No novo cargo, Pedro disse que vai focar na implementação das avenidas estratégicas de crescimento da Ambipar.
“Na Response ainda tem um crescimento no mercado norte-americano para ser capturado, com a abertura de novas bases, e um aprofundamento no Brasil nas divisões de serviços industriais, environmental services e serviços marítimos,” disse. “E na Environment, temos uma oportunidade grande de aumentar a utilização das nossas plantas de reciclagem.”
A Ambipar tem 8 plantas de reciclagem, uma delas aberta há poucos meses no Chile. Segundo Pedro, a meta é crescer a capacidade produtiva das plantas em ‘duplo dígito’ nos próximos anos.
Pedro disse que o playbook que a Ambipar tem adotado é o mesmo de empresas globais do setor, como a Republic Services, que vale US$ 58 bilhões na NYSE.
“Todas essas empresas fizeram dezenas de M&As para consolidar o mercado, e só depois começaram a gerar caixa,” disse ele, notando que, na média, essas companhias têm alavancagem de 2,9x EBITDA e negociam a 15-17x EV/EBITDA. (A Ambipar negocia a 4,4x).
Do R$ 7,2 bilhões de EV da empresa, apenas R$ 1,5 bi são valor de mercado.
A ação negocia a R$ 9.