A Ambipar reportou um terceiro trimestre com um EBITDA recorde e crescimento no lucro líquido –  mas com a receita ainda pressionada por um cenário mais difícil na economia circular e um câmbio desfavorável.

A receita bruta, de R$ 1,3 bilhão, caiu 1,8% na comparação sequencial mas subiu 19,6% ano contra ano. O EBITDA veio em R$ 376 milhões, um crescimento de 1,7% em relação ao segundo tri deste ano e de 38% ano contra ano; e o lucro líquido subiu 45,6% e 4,8%, respectivamente, para R$ 34,8 milhões. 

O CFO Thiago Costa disse ao Brazil Journal que a receita caiu principalmente por um efeito cambial, que gerou um impacto negativo de 8% na receita do negócio de gestão de resíduos, a ‘Environment Latam’. Em moeda local, a vertical teria crescido 5%. 

Além disso, houve uma queda de volume na economia circular, o negócio no qual a Ambipar compra e vende produtos como plásticos, papel e papelão, destinados para a indústria de reciclagem. 

Essa vertical responde por 25% da receita de Environment que, por sua vez, responde por cerca da metade da receita total da companhia. 

“Esse é um mercado basicamente de commodity, então tem uma volatilidade grande de preço da matéria-prima,” disse o CFO. “Desde o segundo trimestre os preços têm sido um desafio, mas estamos aproveitando para comprar melhor. Então tem uma queda no top line mas a rentabilidade está melhor, porque temos administrado bem o custo de compra e venda.”

O CFO lembrou ainda que no segundo tri a companhia havia tido uma receita muito grande com a vertical Decarbon, de geração de créditos de carbono, o que tornou a base de comparação mais forte. No período, a companhia fechou um contrato “bem acima da média” para um projeto de reflorestamento com a AstraZeneca. 

Thiago disse que a companhia vem focando em aumentar a rentabilidade do negócio desde meados do ano passado – o que se refletiu no aumento do EBITDA.

Isso tem sido feito com cortes de despesas, mas também com renegociações de contrato. Segundo o CFO, a Ambipar passou os últimos trimestres negociando reajustes, principalmente nos contratos de ‘waste management’ (que respondem por 65% do top line da Environment). 

“Temos feito isso para melhorar as margens,” disse ele. “Alguns clientes que não aceitaram esse reequilíbrio a gente cancelou os contratos, o que também impactou um pouco a receita.”

A margem EBITDA do trimestre ficou em 31,7% – 4 basis points acima do mesmo tri do ano passado e 1,1 bps acima na comparação sequencial.

Outro destaque do trimestre foi a redução da dívida bruta. Thiago disse que a Ambipar conseguiu reduzir a dívida bruta em cerca de R$ 400 milhões por conta do pré-pagamento de dívidas que venciam em breve. A dívida bruta agora é de R$ 7 bilhões. 

Ainda assim, a alavancagem da empresa subiu no trimestre, dado que a companhia reduziu o caixa em R$ 600 milhões por conta do serviço da dívida. A alavancagem fechou o trimestre em 2,99x, um crescimento de 0,09x ponto em relação ao tri anterior.

A Ambipar já reportou, no entanto, a alavancagem proforma do negócio — dando um indicativo ao mercado de como ficará a alavancagem com a entrada dos R$ 709 milhões do follow-on do mês passado. Esse número já está em 2,5x. 

“Mesmo com um cenário de juros altos, temos conseguido servir a dívida e pagar o principal. Esse é o nosso guia no curto prazo: reduzir a alavancagem e capturar as sinergias não óbvias das aquisições que fizemos,” disse o CFO.