A Alupar venceu um lote com quatro projetos em um leilão no Peru para implementar uma linha de transmissão de 247 quilômetros.

Os projetos somados exigirão um capex de US$ 220 milhões e podem gerar uma receita anual máxima (RAP) de US$ 31,8 milhões. O prazo da concessão é de 30 anos.

A Alupar vai construir novas subestações e linhas de transmissão nas cidades de Arequipa, Lima, Apurimac e Puno, atendendo 2,3 milhões de pessoas. 

O mercado gostou da notícia: a ação da Alupar subiu 2% no pregão de hoje, renovando o high histórico. 

Luiz Coimbra, o diretor de relações com investidores da Alupar, disse ao Brazil Journal que esse leilão consolida a aposta da empresa em receita dolarizada.

A empresa já tem investimentos contratados de US$ 950 milhões até 2029 na América Latina (US$ 720 milhões no Peru). No Brasil, a título de comparação, a empresa vai investir R$ 4 bilhões até 2030.

Segundo Coimbra, apesar da instabilidade política e trocas frequentes de presidente, o mercado de energia peruano tem se mostrado bem resiliente.

“O framework é sólido. Estamos há doze anos no Peru e vemos grandes investimentos de outras companhias estrangeiras no país,” disse.

No total, a empresa tem oito linhas de transmissão fora do Brasil: cinco no Peru, duas no Chile e uma na Colômbia.

Coimbra disse que atualmente os retornos nestes países têm sido maiores do que no Brasil, em especial pela captação de crédito mais barata.

“Quando você toma dívida em países dolarizados, como esses três, é mais fácil atrair capital externo,” disse o diretor de RI.

O leilão de ontem marcou a terceira tentativa do governo peruano em leiloar essas linhas de transmissão. A primeira ocorreu um ano atrás, mas não houve propostas por causa dos valores mais baixos tanto de capex quanto de receita anual permitida. O mesmo aconteceu no segundo leilão, apesar de terem melhorado as condições.

Segundo cálculos do Citi, os projetos devem alcançar uma TIR real de 14,8%, acrescentando cerca de US$ 48 milhões em valor presente líquido.

As premissas dos analistas incluem a energização a partir de novembro de 2029, com uma margem EBITDA de 86%, imposto de 29,5% e alavancagem de 85%. 

“Vemos esse projeto como altamente positivo, agregador e em linha com a alocação de capital anterior da companhia na região,” escreveram os analistas do Citi.

O Itaú BBA também considerou o leilão como positivo e estimou uma TIR de 14,4% e um VPL de US$ 56 milhões. 

Segundo contas de Coimbra, ao fim de todos os projetos em construção, cerca de 20% da receita da Alupar virá de fora do Brasil. 

Mas isso não quer dizer que a empresa não esteja de olho em novos projetos no País, em especial na linha de transmissão. 

Hoje, a Alupar conta com três projetos de transmissão em construção no País, que chegam a 1.000 quilômetros. A empresa tem investimentos contratados de R$ 4 bilhões por aqui.

Com todos esses investimentos, a alavancagem da empresa deve subir de 3,4x para até 4x em 2028, segundo o executivo. 

Esse número não preocupa Coimbra, que afirma que a desalavancagem deve ser rápida ao fim das obras. 

“E ainda temos R$ 1,2 bilhão no caixa da holding, o que nos dá tranquilidade,” disse. 

A ação da Alupar sobe 7% nos últimos doze meses. A empresa vale R$ 10,5 bilhões na B3.