A Mar Asset, que tem 5,7% do capital da Zamp, quer inserir uma cláusula de ‘poison pill’ no estatuto da dona do Burger King Brasil e do Popeyes.

A proposta é uma forma de proteger os acionistas e a empresa de uma nova oferta hostil, nos mesmos moldes daquela feita há um ano pelo Mubadala.

A ação da Zamp negocia perto de seu low histórico. A companhia vale R$ 1,1 bilhão na Bolsa e tem uma dívida líquida de cerca de R$ 600 milhões. 

Em agosto do ano passado, o fundo soberano dos Emirados Árabes tentou comprar 45% da Zamp por R$ 7,55 por ação, mas acabou desistindo depois de resistência da base acionária. O papel negocia hoje a R$ 4,10.

Pela proposta da Mar Asset, a ‘poison pill’ seria disparada quando um acionista comprar mais de 25% do capital da empresa. 

Neste caso, o comprador seria obrigado a fazer uma oferta por toda a companhia pagando o maior valor dentre três opções: aquele definido por um laudo independente; um prêmio de 30% sobre a maior cotação dos últimos 12 meses; ou um prêmio de 30% sobre o maior valor pago pelo ofertante em suas compras em Bolsa nos 12 meses anteriores.

A proposta vem num momento em que um valor de mercado deprimido coloca a Zamp em posição de fragilidade, deixando-a suscetível a uma nova oferta hostil.

Segundo um gestor comprado no papel, a Zamp negocia com um desconto de cerca de 20% em relação a seu custo de reposição. 

“Se uma nova rede de fast food quisesse entrar no Brasil e ter a capilaridade da Zamp, seria mais barato para ela comprar a Zamp na Bolsa e trocar a marca do que abrir todas as lojas do zero,” disse esse gestor.

Parte da implosão do papel teve a ver com a pandemia, já que a Zamp sofreu com o fechamento das lojas. Mas depois que a economia reabriu, o mercado começou a avaliar que o portfólio da Arcos Dorados era mais resiliente que o da Zamp, já que a dona do McDonald’s na América Latina tem um mix mais concentrado em lojas de rua, que tem performado melhor nos últimos anos.

“As pessoas não estão percebendo o real valor desse ativo,” disse o gestor. “Ela é o maior operador de restaurantes do Brasil e uma empresa que gera caixa e consegue reinvestir esse caixa em crescimento. É um caso clássico de value investing, de margem de segurança.”

Além da criação da poison pill, a Mar está propondo limitar o poder de voto de qualquer acionista a 15% do capital em temas relacionados à exclusão ou mudança da poison pill e exclusão da necessidade de OPA. 

Os maiores acionistas da Zamp são a Fit Participações, com 12%, o family office dos ex-banqueiros Tom Freitas Valle e Fernando Prado; a Restaurant Brands International (RBI) – a detentora global das marcas Burger King e Popeyes – com 9,2%; a própria Mar Asset, com 5,7%, e a Vinci Partners, com 5,2%.