Com um ganho de 57% em 2020, a Absoluto Partners conseguiu o melhor retorno entre gestoras de fundos long only e monoproduto, ancorando-se em dois grandes temas: a digitalização do varejo e a disrupção do sistema financeiro.  

A Absoluto não carrega nenhum dos bancões na carteira e tem uma visão negativa sobre o futuro dos bancos, segundo clientes familiarizados com o pensamento da gestora. 

11303 a3b8e6b5 138f aaf8 73e3 738fe413ef84“Eles acham que a disrupção que começou na adquirência e investimentos ainda  vai chegar ao crédito, o que seria fatal para o resultado ds bancos,” diz um cliente.

No setor financeiro, as únicas posições relevantes da gestora são B3 e Stone.

2020 foi o primeiro ano completo da gestora fundada por José Zitelmann e Gustavo Hungria, que trabalharam 20 anos (11 deles, lado a lado) no BTG, onde Zitelmann geria a família de fundos Absoluto.  Desde seu lançamento em dezembro de 2007 até janeiro de 2019, quando Zitelmann e Hungria deixaram o BTG, o Absoluto se valorizou 396%, comparado a um ganho de 48% para o Ibovespa.

“O Pactual foi a grande escola, a grande ‘trading house’ do Brasil nos últimos 30 anos, mas desde que o [André] Jakurski montou a JGP, ninguém mais havia saído direto do banco e montado uma gestora de sucesso,” diz um investidor.

Os 57% de retorno da Absoluto chamaram a atenção dos alocadores. Para efeito de comparação, o Dynamo Cougar rendeu 26,14%; a Atmos, 14,6%; e a Squadra, 5%. 

Apesar de um ano ser um período histórico muito curto, distribuidores e clientes dizem que a Absoluto tem tudo para se juntar à Dynamo e Atmos como as casas fundamentalistas que mais entregam alfa no longo prazo.

11304 975f7372 7d1c df04 d9c4 371ac772046a“Eles são respeitados pelos peers, são monoproduto, experientes, e têm a cultura de partnership que você acha nas melhores casas,” diz um concorrente.

Segundo clientes, incluindo os sócios-fundadores o time de investimento da Absoluto tem 11 pessoas no Rio e outras cinco em Greenwich, Connecticut, que vão trabalhar num fundo global que a firma pretende lançar este ano. 

Na CVM, a posição da gestora no final de setembro — a mais recente disponível — incluía consensos como Natura, Magazine Luiza e B3, e nomes mais fora do radar como Lojas Quero-Quero e Santos Brasil. As cinco maiores posições tinham mais de 50% do fundo.

Zitelmann e Hungria fundaram a Absoluto em março de 2019, mas a gestora só abriu para captação em setembro daquele ano. O ‘first money in’ veio de 12 famílias que já eram clientes do Absoluto. Segundo um distribuidor, a nova casa levantou R$ 1,7 bilhão em 30 dias.  Dos R$ 13 bilhões que a gestora tem hoje, estima-se que R$ 6 bilhões vieram de captação; o resto, da apreciação da cota.