Diante de várias incertezas levantadas pelo mercado sobre o futuro da Azzas 2154, a XP decidiu fazer um deep dive na operação da empresa resultante da fusão da Arezzo&Co com o Grupo Soma.

A XP, que também tinha dúvidas em relação às sinergias da Azzas, decidiu manter a companhia como  sua top pick no setor, mas reduziu o preço-alvo de R$ 70 para R$ 65 – um upside potencial de 62% em relação ao preço de tela. 

Para justificar a tese, os analistas Danniela Eiger, Gustavo Senday e Laryssa Sumer focaram em três temas: o crescimento estrutural da companhia; o potencial de expansão da margem; e a tributação da nova companhia.

Analisando o crescimento potencial, a corretora separou a Azzas em quatro business units – calçados femininos, moda feminina, moda masculina e Hering – e calculou um CAGR de 8% para o período entre 2024 e 2034 – sendo uma alta de dois dígitos baixos até 2026 e uma desaceleração a partir dali.

Segundo os analistas, esses números podem ser considerados “levemente conservadores”. 

O principal destaque no crescimento virá da moda feminina, com um CAGR de 10% para os próximos dez anos, puxado especialmente pela Farm. Moda masculina, Hering e calçados femininos vêm logo em seguida com CAGRs estimados em 7%, 6,8% e 6,5%, respectivamente.

Em relação à expansão da margem da Azzas, a XP listou sinergias vindo da criação da categorias de calçados e acessórios na Hering e Farm; da economia de custos com a internalização das marcas da antiga AR&Co nas fábricas da Hering; do ganho de escala em negociações de frete e logística; e da otimização de G&A. 

Além disso, os analistas também veem a possibilidade de uma otimização do portfólio, com algumas marcas podendo ser descontinuadas (como DZARM, BAW e Alme) e outras absorvidas (como a Simples voltando a ser vendida apenas em lojas da Reserva). 

“Acreditamos que essa otimização do portfólio não só contribuiria para simplificar a gestão e o foco da empresa, mas também poderia desbloquear uma expansão de margem,” escreveram os analistas.

Com essas melhorias, a margem bruta da Azzas poderia sair do atual patamar de 56% para chegar aos 58% no médio prazo, nas contas da XP.

As dúvidas relacionadas à tributação continuam – especialmente com a MP 1185, que mudou a tributação no setor e deve ter um impacto milionário especialmente na operação que veio do Grupo Soma. 

“Mantemos nossa abordagem mais conservadora em relação às subvenções de ICMS. Mas observamos que os impostos a pagar da empresa devem ser muito mais baixos, dada a amortização do goodwill da Hering.”

Segundo os analistas, considerando os impostos a pagar, o múltiplo P/L da Azzas para 2025 cairia para 8x lucro.

Hoje a XP vê a Azzas negociando a 9,7x o lucro estimado para o ano que vem – “uma das varejistas mais baratas da nossa cobertura.” 

A ação da Azzas cai 33% nos últimos 12 meses. A empresa vale R$ 8,3 bilhões na B3.