Há um mês, a Omega Geração — uma das maiores empresas de geração solar e eólica do Brasil — produziu dois vídeos didáticos explicando os ônus para a sociedade que os subsídios à energia solar distribuída geram, em linha com o que explicamos aqui.
Os vídeos viralizaram entre formadores de opinião, incluindo CEOs de empresas do setor, deputados e presidentes de associações.
Naturalmente, a Omega imaginava que haveria críticas e descontentes, dado que estava colocando o dedo num tema sensível e que mexe no bolso de um grupo pequeno, mas estridente.
Mas a reação foi além do esperado: há uma semana, a companhia recebeu uma notificação da Associação Brasileira de Energia Solar (Absolar), da qual é associada desde a fundação da entidade em 2013, perguntando se havia sido ela que produziu os vídeos — e chamando (com meias palavras) o conteúdo de mentiroso.
A Omega respondeu que sim. Dias depois, recebeu uma carta informando que havia sido expulsa da associação. O curioso: as opiniões defendidas nos vídeos não são diferentes do que o CEO da Omega, Antonio Bastos, defende há anos publicamente, inclusive num artigo publicado em 2019 no Brazil Journal.
Mas a proximidade de uma definição sobre o assunto — em discussão no Congresso com o PL 5829 — parece ter tornado a entidade menos tolerante aos dissidentes.
Numa das cartas enviadas à Omega, a Absolar argumenta que a companhia cometeu uma “gravíssima violação dos deveres associativos, além de dano à integridade institucional,” o que justificaria a exclusão. A entidade não especificou, no entanto, qual seria essa ‘gravíssima violação’, tampouco qual seria o dano causado à entidade.
Em sua resposta, a Omega disse que “a aplicação de qualquer penalidade, desacompanhada da devida motivação, nada mais é que mero autoritarismo.”
Apesar de ter geradoras centralizadas entre seus associados (como a Omega), a Absolar é composta principalmente por empresas de geração distribuída e fabricantes de painéis solares — o grupo mais afetado financeiramente pelo potencial fim do subsídio.