A Onfly acaba de levantar R$ 80 milhões numa rodada que vai bancar a expansão da startup, que criou um software de gestão para viagens corporativas acoplado a um marketplace de passagens e hotéis. 

A captação foi feita com a gestora americana Left Lane Capital, que também investiu na Rei do Pitaco, e com a Cloud9 Capital, fundada há dois anos por ex-executivos do Softbank e da Kinea. 

boopo marcelo linharesA rodada é a segunda da startup, que foi fundada em 2019 por Marcelo Linhares e Elvis Soares, que identificaram a oportunidade quando trabalhavam juntos na Constance, uma varejista de calçados. 

Marcelo era o diretor de ecommerce, e Elvis, o vp de expansão. 

“Em 2014 gastávamos R$ 10 mil por mês com viagens corporativas. Em 2018 esse valor tinha subido para R$ 110 mil. E nesses quatro anos tivemos todos os problemas possíveis: desde uma secretária que alugou um carro para ela e colocou no bolo das despesas com viagens, até fraudes com reembolsos,” Marcelo disse ao Brazil Journal

“Quando entendemos que o maior problema era que os processos eram muito ruins, decidimos criar a Onfly.”

No início, as coisas foram bem, mas logo depois de atingir um GMV de R$ 1,7 milhão em fevereiro de 2020, a pandemia atropelou o negócio, e o volume transacionado despencou para menos de R$ 14 mil por mês.

“Tivemos que demitir todo mundo e ficamos só com a tecnologia,” disse Marcelo. “Em agosto, vimos que alguns setores da economia ainda estavam viajando e religamos as máquinas.”

Três anos depois, a startup disse que quer movimentar R$ 500 milhões este ano, contra um total de R$ 205 milhões ano passado. 

Cerca de mil clientes assinam o software, desde companhias com 50 funcionários – que tipicamente fazem R$ 10 mil em viagens por mês – até a Komatsu Brasil, uma multinacional japonesa que gasta R$ 1,2 milhão em viagens/mês. A Onfly também atende a Direcional Engenharia, a Unico e a ClearSale.

A startup opera em duas frentes: além de oferecer o software de gestão das viagens corporativas, ela atua também como agência de viagens, vendendo passagens e hotéis por meio de um marketplace.

Hoje, 90% da receita da startup vem das comissões de vendas do marketplace, e apenas 10% da assinatura do software num modelo de SaaS. 

Apesar do software ser pequeno no bolo da receita, ele tem um papel importante na atração e retenção dos clientes – pois permite que o funcionário feche a passagem e o hotel direto na plataforma da Onfly, e que a empresa faça a gestão de todas as viagens, além de automatizar o processo de reembolsos. 

Recentemente, a Onfly também criou um cartão corporativo pré-pago, que as empresas podem oferecer aos funcionários para usar nas viagens.

O modelo da Onfly foi inspirado na americana Naval, que foi avaliada em US$ 9,2 bilhões em sua última rodada, e na espanhola TravelPerk, que foi avaliada em mais de US$ 2 bi. 

“Não é fácil fazer o que eles fizeram nesse contexto de mercado. Acompanhamos a história deles desde o início de 2022, e em uma das reuniões eles passaram uma projeção de crescimento que achamos absurda. Mas eles não só bateram como superaram ela, e ganhando market share com clientes blue chip,” disse Rafael Serson, da Cloud9.

Com a rodada, o plano da Onfly é continuar crescendo organicamente, mas também por meio de M&As. Segundo Marcelo, a ideia é tanto comprar agências menores, para crescer carteira, quanto startups que possam agregar produtos complementares à plataforma.