A Omie, que fornece um software de gestão empresarial (ERP) em nuvem para pequenas e médias empresas, acaba de receber um aporte de R$ 80 milhões do Riverwood Capital, uma gestora da Califórnia focada em investimentos de late stage.
 
No final do trimestre, o ‘run rate’ da Omie indicava um faturamento de R$ 44 milhões nos próximos 12 meses; e a empresa espera que o número chegue a R$ 75 milhões no final do ano.
 
O investimento Series B acontece oito meses depois que a Astella Investimentos investiu R$ 25 milhões na startup numa rodada Series A.  A Astella também forneceu R$ 2,5 milhões em seed capital para a empresa em 2015.
 
A Omie oferece um software por assinatura com sistema de gestão (finanças, CRM, estoque e ponto de venda) e serviços financeiros (como antecipação de crédito).
 
Mas talvez a maior inovação de seu modelo de negócios tenha sido criar um sistema de distribuição por meio de parcerias com escritórios de contabilidade. Na prática, a Omie trabalha o contador como um gerador de ‘leads’. Os escritórios indicam seus clientes para um franqueado da Omie, que depois faz todo o processo de venda. Por cada cliente que fecha um contrato, a Omie paga uma comissão em cima da mensalidade ao escritório de contabilidade que o indicou. 

A Omie pegou todo esse processo (de se aproximar do contador, fechar uma parceria, ter acesso aos clientes do escritório e fazer a venda), empacotou e começou a vender como franquia.  Hoje, a Omie tem 115 franquias em todo o Brasil e deve fechar o ano com 130. 

“Operamos com um modelo conhecido no franchising como royalties reversos”, o fundador Marcelo Lombardo disse ao Brazil Journal. “O franqueado fecha os contratos, mas quem fatura a mensalidade somos nós. Depois repassamos royalties de 30% para os franqueados.” 

 
A Omie compete na mesma faixa que a ContaAzul, mas também atende clientes maiores. Um produto gratuito, o Omie Fit, atende empresas que faturam de R$ 500 mil a R$ 1 milhão/ano, mas o grosso da receita vem de empresas que faturam até R$ 20 milhões, que assinam o Omie Full.
 
A startup tem mais de 14 mil escritórios contábeis parceiros e cerca de 23 mil clientes finais.  “Os escritórios nos dizem que o custo deles cai até 70% quando o cliente usa nosso software, porque não tem que redigitar informações, está tudo integrado,” diz o fundador.
 
A Omie nasceu de outra empresa criada por Lombardo. Em 1991, o empresário fundou a Newage Software, uma companhia de software para ERP focada em grandes empresas, que competia direto com gigantes como TOTVS e SAP. Quando percebeu que havia perdido a corrida pelas grandes contas, Marcelo decidiu criar uma divisão focada apenas em PMEs.
Em outubro de 2013, a Newage foi vendida para um grupo americano, a Toutatis Global, e Marcelo negociou para ficar com a divisão de PMEs, fazendo um spinoff da operação e criando a Omie.

“Nosso concorrente número um hoje ainda são os cadernos e as planilhas de Excel”, diz Lombardo. “90% das PMEs fazem a sua gestão no papel.”

Para criar a empresa, Lombardo colocou R$ 500 mil do próprio bolso, e, em 2014, a Astella colocou mais R$ 600 mil numa rodada pre-seed.

A ideia da Omie é virar um one-stop shop para o empreendedor. A empresa já oferece antecipação de recebíveis (numa parceria com a Weel, uma fintech israelense), e tem dentro da plataforma uma espécie de marketplace de soluções verticais plugadas no sistema, chamada Omie Store. Nos dois modelos, a Omie recebe uma comissão pela operação.

Hoje, as assinaturas representam 95% do faturamento, mas Lombardo estima que até 2022 a receita com serviços financeiras representará 50% do negócio.

 
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