Pedro Chiamulera, o fundador da Clearsale, está apostando suas fichas numa nova startup, que ele acredita que possa se tornar 10x maior que a empresa de antifraude que ele vendeu para a Experian por R$ 2 bilhões.

O empreendedor está investindo R$ 20 milhões na Confi, um ecossistema de dados de comportamento do consumidor que ajuda as empresas a vender mais.

A Confi foi fundada dentro da Clearsale há 10 anos, mas a empresa decidiu fazer o spinoff do negócio antes do IPO em 2021, e Chiamulera na época ficou com a empresa na pessoa física.

Agora, com a venda da Clearsale, ele decidiu focar 100% na empresa e está assumindo uma posição de chief strategy officer (CSO), com atribuições parecidas à de um presidente do conselho. 

Para tocar o dia a dia, ele contratou como CEO Francesco Weiss, um executivo com ampla experiência no setor e que foi vp comercial da Intellibrand por sete anos.  

“A Clearsale foi o meu freshman year. Agora estou muito mais maduro. Estou no meu sophomore year em termos de maturidade,” disse Chiamulera, aos risos. “O senior year só vai ser quando a Confi estiver valendo bilhões de dólares.”

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A nova aposta de Chiamulera não é tão diferente assim do que ele fazia em seu negócio anterior; na realidade, tem uma conexão direta com ele. 

Enquanto a Clearsale usava os dados de comportamento do consumidor para evitar fraudes, a Confi usa esses mesmos dados anonimizados e criptografados para ajudar as empresas a vender mais. 

A Confi é uma holding com dois negócios: a Neotrust, a principal empresa operacional e que vai receber a maior parte dos investimentos; e a AfterSale. 

A Neotrust está integrada a mais de 18 mil varejistas, acessando dados em tempo real do comportamento dos consumidores no ecommerce. Hoje esses dados são vendidos para as empresas clientes, que usam times internos de analytics para processar as informações e tirar insights que ajudem nas vendas. 

Com o investimento de hoje, a ideia é dar um passo além: criar uma plataforma que vai processar esses dados e entregar insights já prontos, que os clientes poderão usar para otimizar suas campanhas de marketing e aumentar a conversão.  

Na plataforma, os clientes poderão plugar também dados de outras fontes, incluindo data providers concorrentes como a Neoway e o Serasa. 

“Hoje, só as top 200 empresas de varejo acabam consumindo nossos dados, porque são as que têm equipes de dados e analytics que conseguem processar essas informações,” disse Francesco. “Com a plataforma nova, queremos chegar às 18 mil empresas restantes.”

O CEO disse que as empresas podem usar os dados da plataforma para entender, por exemplo, quais produtos estão vendendo mais em determinada região ou o perfil de consumo de um determinado tipo de cliente, como a geração Z. 

“Os clientes vão poder perguntar na nossa plataforma, por exemplo, como vender mais um produto X numa região Y e, com base nos dados, vamos dar as dicas e os passos para ele atingir esse resultado.”

Já a Aftersale é um software de gestão do pós-venda dos clientes. 

A plataforma se integra aos sistemas dos ecommerces e usa agentes de inteligência artificial para automatizar parte dos processos, gerando eficiência e melhorando o CAC e o ‘lifetime value’ dos consumidores. 

“Esses agentes de IA tomam decisões instantaneamente que o SAC tomaria, tirando essa responsabilidade da mão do operador,” disse Francesco. “Eles podem fazer tanto o diálogo com os consumidores quanto a liberação de trocas ou reembolsos.”