A Gerdau Next, o braço de inovação da siderúrgica, está criando uma startup de logística que automatiza a contratação de transportadores por grandes empresas – desenrolando um nó de ineficiência na cadeia de suprimentos.
A nova empresa – batizada de Vector Cluster Industrial – nasceu em parceria com a Vector, que já oferece o mesmo tipo de solução para o agronegócio e é uma joint venture entre a trading Bunge e a Target, uma provedora de soluções logísticas.
Pelos termos do acordo, a Gerdau terá 100% do capital da nova companhia, enquanto a Vector vai receber um valor pelo uso da tecnologia e um revenue share em serviços específicos.
Na prática, a Vector Cluster conecta grandes empresas industriais – como a própria Gerdau – com caminhoneiros independentes, num modelo parecido com o da CargoX, recentemente rebatizada de Frete.com.
Mas o grande diferencial da Vector Cluster está nas integrações que ela faz com os sistemas de gestão das empresas – o que permite ter visibilidade de todo o fluxo de entrega dos produtos.
“Conseguimos saber, por exemplo, que a Bunge fechou um contrato de entrega de 50 mil toneladas de soja. Conforme essa soja vai sendo transportada conseguimos ver em tempo real quanto já foi transportado e qual o saldo,” disse Javier Maciel, o CEO da Vector. “Se você não tem essa visibilidade, você acaba fazendo ofertas fantasmas para os caminhoneiros, criando um atrito.”
Do outro lado, diz ele, a empresa precisa ter certeza que o caminhoneiro que aceitou a carga tem capacidade de carregá-la – e no prazo estipulado. Os sistemas da Vector também conseguem garantir essa visibilidade.
A Vector Cluster Industrial é a terceira logtech da Gerdau Next, que já é dona da G2L, uma operadora logística que é dona de uma frota de caminhões, e da Addiante, que faz locação de veículos e equipamentos pesados em sociedade com a Randon.
“Na siderurgia, mineração, cimento e papel e celulose, o custo logístico representa de 10% a 20% da receita. Então tem muitas oportunidades de ganho de produtividade e também de geração de receita com isso,” disse Luiz Fernando Medaglia, gerente de inovação da Gerdau e o CEO da Vector Cluster Industrial.
A Vector Cluster nasce atendendo apenas a Gerdau, mas pretende se tornar um negócio independente e captar novos clientes assim que obtiver a aprovação do CADE. Só com a Gerdau, os números já são relevantes: a expectativa de Medaglia é que a Vector transporte 8 milhões de toneladas/ano já em 2023.
Com o tempo, a ideia da Vector Cluster é adicionar também serviços financeiros para os caminhoneiros — como antecipação de recebíveis e crédito — da mesma forma que a Vector já faz no agronegócio.
A opção por começar atendendo quatro setores (siderurgia, mineração, cimento e papel e celulose) tem a ver com as características similares dos produtos e o fato de muitas empresas desses setores terem fluxos logísticos que podem ser casados.
O embrião da nova startup surgiu em maio, quando a Gerdau começou a usar a solução da Vector em suas usinas, como cliente. De lá para cá, a siderúrgica já implementou a tecnologia da Vector em nove de suas 13 usinas e passou a fazer 60% de suas entregas de pedidos por meio da plataforma.
Medaglia disse que a companhia viu um grande benefício do ponto de vista da produtividade, o que a estimulou a criar o novo negócio.