A ISA LAB — uma healthtech que faz exames e aplica vacinas a domicílio — acaba de levantar R$ 13 milhões numa rodada que vai financiar sua entrada em mais sete estados, bem como investimentos em tecnologia.
A captação Série A foi liderada pelo Canary e teve a participação do fundo Norte Ventures, do MatterScale (um VC de Nova York) e de um grupo de investidores-anjo.
Esta é a primeira rodada da ISA desde que ela foi fundada em 2017 pelos irmãos Fernando e David Pares — dois empreendedores seriais que já haviam fundado e vendido outra startup de saúde.
A relação dos irmãos Pares com a medicina diagnóstica vem do berço. O pai dos dois foi o fundador da LEGO, uma rede de laboratórios comprada pelo Fleury em 2008 e uma das companhias que deu origem à rede a+.
Na ISA, eles estão tentando inovar num nicho que já existe há décadas — praticamente todos os grandes laboratórios oferecem o serviço de exames a domicílio como um produto premium — e que começou recentemente a atrair outras startups e VCs (em parte pelo impulso da pandemia).
A Beep Saúde — que faz essencialmente a mesma coisa — levantou R$ 110 milhões em abril numa rodada que avaliou a empresa em R$ 670 milhões.
Mas os fundadores da ISA dizem que o diferencial é que ela criou um modelo que torna o serviço acessível e permite levar a comodidade a todo o Brasil, não apenas às grandes metrópoles.
“O principal custo dos laboratórios é o imóvel e tudo que envolve o atendimento físico — o cafezinho, estacionamento, atendente e o coletor que fica ocioso,” Fernando, o CEO, disse ao Brazil Journal. “Quando você tira isso da conta, sobra um valor que dividimos por dois: metade vai para os clientes e metade para os nossos enfermeiros, que ganham por atendimento.”
A grande sacada da ISA foi criar uma rede de distribuição formada por centenas de enfermeiros autônomos que vão na casa dos pacientes fazer a coleta do material — um modelo inédito no setor, que os fundadores comparam aos agentes autônomos da XP.
“Como nenhum desses enfermeiros é contratado, esse modelo reduz drasticamente os custos da operação, além de permitir que a gente ganhe capilaridade de forma muito rápida e com um investimento relativamente baixo,” disse David, que estima existirem 2,6 milhões de enfermeiros em atividade no Brasil.
A ISA LAB também inovou na logística.
Tipicamente, os laboratórios enviam um enfermeiro para fazer a coleta, e o mesmo já volta com o material a ser analisado. Na ISA, os enfermeiros fazem apenas o atendimento (coletando o sangue, por exemplo), mas quem passa para recolher e levar o material para o laboratório são os chamados ‘biocondutores’ — esses sim, contratados.
Em tese, isso aumenta a eficiência da operação “porque o enfermeiro consegue fazer mais atendimentos no mesmo dia e o ‘biocondutor’, mais coletas,” diz o CEO.
O grande desafio, obviamente, é conseguir padronizar o atendimento e garantir a qualidade de um serviço que é muito mais invasivo do que uma entrega de delivery (já que envolve entrar na casa do paciente e enfiar uma agulha em seu braço).
A ISA LAB diz que resolve isso exigindo que todos os enfermeiros passem por um treinamento de três dias, abrangendo desde a parte técnica até a comportamental, e dando um incentivo financeiro para aqueles que tiverem boas avaliações no aplicativo.
“A remuneração do enfermeiro vai subindo de escala conforme as notas dele nos atendimentos,” disse David. “Além disso, os que recebem duas notas abaixo de 3 (de uma escala de 1 a 5) são removidos da plataforma.”
Por enquanto, a ISA LAB faz aplicações de vacinas e todo tipo de análise clínica — dos exames de sangue aos de urina e fezes. Em breve, ela pretende incluir exames cardiológicos como o MAPA e o eletrocardiograma, bem como o ultrassom (que é um pouco mais complicado porque precisa ser feito por um médico).
A ISA LAB faturou R$ 20 milhões no ano passado e espera dobrar o faturamento este ano. Segundo Fernando, só no primeiro semestre a startup já faturou o mesmo que em todo 2020.
A ISA LAB atende tanto o consumidor final quanto empresas, que representam mais de 60% da receita. No B2B, ela atende os planos de saúde PreventSenior e Care Plus, bem como o iFood, BTG e Braskem — que usam os serviços da startup para fazer os exames ocupacionais.
O plano com a rodada: quase dobrar sua presença geográfica, entrando em mais sete estados até o final do ano. (Hoje, a ISA opera em São Paulo, Rio, Paraná, Minas Gerais, Pernambuco, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul).