Com a esticada nos preços das ações de tecnologia, os analistas de Wall Street estão sendo diariamente bombardeados com a mesma pergunta: afinal, há uma bolha das ações de inteligência artificial?
Um time de estrategistas da Goldman Sachs rodou os números e comparou métricas atuais das empresas de tecnologia com as vistas nos anos de euforia que precederam a bolha da internet.
A conclusão: apesar do grande aumento em despesas com capex e P&D, elas ainda estão “bem abaixo dos níveis da bolha da internet,” quando se leva em consideração o fluxo de caixa das empresas.
Segundo a Goldman, os investidores têm manifestado preocupação com relação a um possível “excesso de investimento” pelas empresas chamadas de hyperscalers, as big techs que estão escalando o uso de IA. São elas Microsoft, Amazon, Google e Meta, que alocaram US$ 357 bilhões em capex e P&D nos últimos quatro trimestres.
As hyperscalers são companhias da ‘fase 2’ na indústria da IA, pela classificação da Goldman. A Nvidia é considerada ‘fase 1’.
As big techs lideram a alta no mercado acionário, com valorização de 26% apenas neste ano – e por isso a apreensão dos investidores.
“As hyperscalers representam 23% do total de investimentos realizados pelas empresas do S&P 500,” afirmam os analistas. “Essas empresas sinalizaram que alocarão capital adicional para alcançar os seus objetivos em IA.”
Seria isso um sinal de alerta?
Ainda não, segundo os analistas da Goldman.
“Ajustando pelos lucros dessas companhias, o ciclo de capex em IA parece bem menor na comparação com o ciclo feito na bolha da internet,” diz o relatório.
No auge da euforia com a nova economia, as empresas de tecnologia, mídia e telecomunicações investiam mais de 100% de seu fluxo de caixa – e eram companhias que muitas vezes nem davam lucro.
“Hoje, ao contrário, a maioria das grandes empresas de tecnologia são extremamente lucrativas,” afirmam os analistas.
O capex representa hoje 72% do fluxo de caixa dessas empresas – e até tem caído na margem, porque os lucros aumentaram.
Segundo a Goldman, as big techs conseguirão manter o ROI médio recente se os lucros futuros ficarem dentro do projetado.
Nos últimos cinco anos, o ROI médio ficou em 33%. Em comparação, o ROI médio das telecoms entre 1996 e 2000 foi de 19%.
“Mas, como demonstrado na bolha de tecnologia, as revisões das vendas serão um indicador-chave para que os investidores avaliem a durabilidade do trade da IA,” escreveram os estrategistas.
Segundo a Goldman, muitas companhias de internet e telecom viram o seu faturamento colapsar no final dos anos 90. Outras, como a Microsoft, continuaram reportando aumento nos lucros.
“As hyperscalers vão ter que provar que os seus investimentos vão gerar receitas e lucros,” conclui a Goldman. “Indícios de que essas receitas e lucros não sejam gerados, como a revisão para baixo de vendas, poderá levar a um de-rating.”