Ele poderia ter armado um barraco – como tantos em que se meteu na vida, resultado de sua conhecida dependência de drogas e álcool. 

Mas dessa vez, Fábio Assunção deu o exemplo.

A partir de agora, toda a renda arrecadada pelo funk “Fábio Assunção” — que faz graça da tragédia pessoal do ator — será revertida para entidades de apoio a dependentes químicos. 

“Jamais me passou pela cabeça censurar a arte do autor e seus intérpretes, mesmo quando vi o tamanho e o sucesso que a música alcançou. Somos artistas e torço muito para que vocês conquistem cada vez mais fãs”, disse o ator num vídeo no Instagram, pouco depois dos músicos Gabriel Bartz e Bruno Magnata anunciarem o acordo, que destinará 100% do valores arrecadados com a música a uma associação que ajuda dependentes químicos. 

Bartz, autor do funk, disse que era só uma “zueira”, mas elogiou a postura do ator de não tentar censurar a música. Além de abrir mão dos rendimentos, eles prometeram mudar a letra.

“Hoje eu vou beber, vou ficar loucão, vou virar Fábio Assunção. E ela vai no chão”, diz o refrão original do funk, glamourizando a bebedeira.

Num mundo onde as vítimas de dependência química têm encontrado muito preconceito e pouca empatia, Assunção deu uma aula de como transformar uma ‘bad vibe’ numa oportunidade para falar de coisa séria.

“Eu não endosso, de maneira nenhuma, essa glamourização ou zueira com a nossa dor. Minha preocupação é com você que sente na pele a dificuldade e a complexidade dessa doença: 15% das pessoas do mundo tem problemas de adicção.”
 
Fábio Assunção sofre com as drogas há mais de uma década. Em 2016, ele tomou coragem e admitiu o vício em uma entrevista ao Fantástico. 

O que aconteceu com ele pode acontecer com todo mundo.

“É muita gente sofrendo por não conseguir controlar suas compulsões e eu acho importante lembrar a todos que isso não está escrito na certidão de nascimento”, o ator disse hoje. “Todo mundo começa do mesmo jeito. Achando que tudo bem. E pode não terminar tudo bem”.

Há cerca de um ano, Fábio disse à coluna Mônica Bergamo que buscava “colaborar com a sociedade sendo melhor”. 

“Eu estou descobrindo. Estou andando pela vida e vivendo. Aprendendo. Acho que esse é o barato.”

Muitos dependentes perdem o controle de sua vida. Fábio Assunção mostrou que ainda manda na sua.