A Lojas Renner acaba de anunciar um resultado forte para o segundo trimestre do ano – batendo as expectativas do mercado em praticamente todas as linhas da DRE e aproximando suas margens dos níveis pré-pandemia.
A receita veio em R$ 3,2 bilhões; o mercado esperava R$ 3,07 bi.
O EBITDA ficou em R$ 705 milhões; o mercado esperava R$ 655 milhões.
O lucro líquido foi de R$ 360 milhões; o consenso era R$ 320 milhões.
“A campeã voltou,” comemorou um gestor comprado no papel.
A Renner disse que as vendas foram impulsionadas por um inverno antecipado e mais rigoroso, e pela necessidade das pessoas de renovar o guarda-roupa com a retomada dos eventos sociais.
Segundo a empresa, as vendas da coleção outono-inverno tiveram volumes e tíquetes cerca de 10% superiores aos de 2019.
O resultado forte de hoje é o segundo que o CEO Fabio Faccio vai poder comemorar depois que o valor de mercado da Renner chegou a cair 40% do pico ao vale durante o último ano. De janeiro pra cá, o papel sobe 22%.
Os dois resultados mostram que a alta da inflação e dos juros não afetaram significativamente o negócio da varejista de moda – que por enquanto tem conseguido repassar os custos.
A varejista também tem recuperado as margens gradativamente, depois de vê-las despencar durante a pandemia.
A margem bruta foi de 56,1% no segundo tri, 0,3 ponto percentual abaixo do segundo tri de 2019. Já a margem EBITDA de varejo ficou apenas 0,70 ponto abaixo de 2019, diminuindo o gap em relação ao trimestre anterior (quando essa diferença foi de 590 bps).
“Tanto a margem bruta quanto a margem EBITDA tiveram declínios bem menores em comparação a 2019 do que no trimestre anterior,” escreveu o analista do BTG, Luiz Guanais.
Segundo ele, a Renner está bem posicionada para ganhar market share nos próximos trimestres num mercado fragmentado.
“Isso deve levar a um sólido momentum apesar das expectativas de uma desaceleração nas vendas no segundo semestre (com uma base de comparação forte do ano passado),” escreveu o analista.
O destaque negativo foram os resultados da divisão financeira da Renner – a Realize, tipicamente responsável por cerca de 18% do EBITDA.
O EBITDA dessa vertical caiu 77% ano contra ano e veio 61% abaixo da estimativa mais baixa dos analistas do Santander.
O resultado fraco teve a ver com o aumento das perdas com crédito e das provisões, que atingiram R$ 281 milhões contra R$ 77 mi um ano antes.
Nos cartões co-branded, as perdas chegaram a 5,3% da carteira, em comparação a 1,9% do segundo tri de 2021.