O Bridgewater comprou US$ 1,5 bilhão em puts de índices, aparentemente apostando numa queda das bolsas globais até março do ano que vem. 

As opções de venda equivalem a 1% do patrimônio do Bridgewater, o maior hedge fund do mundo, cujas posições são monitoradas de perto pelo mercado. A posição, noticiada pelo The Wall Street Journal, vai reavivar o debate sobre a iminência de uma correção do mercado global.

As puts vencem em março de 2020 e darão lucro para o Bridgewater caso o S&P 500 ou o Euro Stoxx 50 (ou ambos) caiam no período. O potencial de ganho depende de diversos fatores, incluindo a magnitude da queda dos dois índices e o momento em que a gestora decidir vender suas opções. 

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O investimento do Bridgewater vem num momento de máxima histórica do S&P e em meio a uma escalada das posições short no índice, com diversos gestores apostando numa correção ou na reversão do ciclo de alta, que já dura uma década. Coincidência ou não, a posição nas puts é consistente com a visão expressa publicamente pelo fundador do Bridgewater, Ray Dalio, sobre os problemas na economia global. 

Segundo dados do Trade Alert, o número de puts no S&P atingiu o nível mais alto dos últimos quatro anos em setembro. No período, houve um crescimento específico na procura por puts com vencimento em março. 

O motivo? Naquela data, boa parte dos delegados do partido Democrata já terão sido escolhidos — dando um indicativo ao mercado das chances de Elizabeth Warren ser escolhida como a candidata do partido na corrida presidencial americana.

A democrata é vista por Wall Street como o pior cenário possível, com diversos analistas prevendo quedas brutais da Bolsa caso ela seja eleita. 

Mas tudo isso é narrativa. A verdade é que os motivos por trás da aposta da Bridgewater são desconhecidos.

As puts tanto podem ser uma aposta direcional quanto um mero hedge à alta exposição do fundo no mercado de ações. Ainda assim, dado o tamanho do prêmio pago, traders dizem que o mais provável é que a aposta vá além de apenas proteção da carteira.

A Bridgewater negou qualquer ligação do investimento com a eleição presidencial e disse ao WSJ que suas “posições mudam com frequência e muitas vezes são hedges para outras posições da carteira, portanto analisar demais uma única posição seria um erro.”

Algumas horas depois da publicação da reportagem do WSJ, Ray Dalio postou a seguinte resposta no LinkedIn:

The Wall Street Journal wrote an article that said “Bridgewater Bets Big on Market Drop.” It’s wrong. I want to make clear that we don’t have any such net bet that the stock market will fall. We explained to Juliet Chung, the author of the article, that to convey us having a bearish view of the stock market would be misleading, but it was done anyway. I believe that we are now living in a world in which sensationalistic headlines are what many writers want above all else, even if the facts don’t square with the headlines. You can believe me or you can believe The Wall Street Journal writer. I hope you have come to know that you can believe me.

Mas como o mercado vive de narrativa…

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