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O setor de saúde suplementar vive um ocaso nos últimos anos.
Mesmo com uma recuperação recente na receita e no número de beneficiários, as operadoras seguem sofrendo com baixa rentabilidade e com o aumento da judicialização, que dobrou nos últimos cinco anos.
Por causa disso, apesar de a receita do setor ter crescido 10% no ano passado e chegado a R$ 350,8 bilhões, as operadoras de saúde tiveram uma margem líquida média de apenas 3%.
Para completar, consumidores estão cada vez mais insatisfeitos com aumentos acima da inflação.
Para mudar esse cenário, a Alice adota uma estratégia que vai na contramão de boa parte do setor e que tem como objetivo tornar as pessoas mais saudáveis: fazer a gestão proativa da saúde dos colaboradores das empresas atendidas por meio de atenção primária e coordenação do cuidado, além de alavancar a tecnologia para oferecer uma experiência superior e ganhar eficiência.
No ano passado, a Alice teve um salto de 75% em sua receita e chegou a R$ 350 milhões e tem o objetivo de chegar a R$ 600 milhões ao fim deste ano.
Nos próximos 12 meses, a expectativa é de alcançar uma receita recorrente (ARR) de R$ 1 bilhão.
Segundo o co-fundador e CEO André Florence, crescer em receita é importante, mas o que mais chama a atenção é que isso vem acompanhado de uma melhora nos indicadores de saúde dos clientes.
Isso porque a Alice aposta na gestão mais proativa da saúde. A proposta é simples: alinhar incentivos para gerar mais saúde, ao mesmo tempo em que reduz desperdícios.
Funciona assim. Quando uma empresa contrata os serviços da Alice, além de seus funcionários ganharem acesso a uma rede nacional de médicos especialistas, laboratórios e hospitais de excelência – assim como em outros planos –, eles recebem também um Time de Saúde da Alice composto por médicos de família, pediatras e enfermeiros, que farão todo o acompanhamento de sua saúde. Logo no início do contrato, um dos profissionais de saúde da Alice – frente que representa 30% do seu quadro de colaboradores – entra em contato com cada funcionário para elaborar um plano de cuidado personalizado.
“A Alice nasceu com a missão de tornar o mundo mais saudável. Por isso, construímos uma empresa de saúde, não uma instituição financeira de gestão de sinistro,” disse Florence. “Nosso modelo é baseado na ideia de que, se somos ao mesmo tempo a fonte pagadora e os responsáveis pela saúde do membro – o que acontece por meio do médico de família e da atenção primária –, conseguimos oferecer o cuidado certo, no momento certo e no lugar certo, entregando os melhores desfechos clínicos possíveis.”
Os números mostram que a tese está funcionando. Hoje, 44% dos membros escolhem utilizar o Time de Saúde da empresa todos os meses. Resultado: eles realizam 46% menos consultas com especialistas em relação à média vista na ANS, fazem 35% menos cirurgias e reduzem em 30% a utilização do pronto-socorro – ganhos que ajudam a combater a ineficiência do sistema de saúde, responsável por um desperdício estimado entre 20% e 40% dos recursos, segundo a OMS.
Isso não quer dizer que os pacientes estão menos saudáveis. Ao contrário. Segundo dados da companhia, quase 80% dos membros da Alice avaliam a própria saúde como boa ou excelente (como comparação, a média dos países da OCDE está em 63,5%).
Esse modelo reflete também na satisfação: o NPS entre os RHs é de 81 pontos, e o CSAT dos membros, índice que mede a satisfação com o Time de Saúde, chega a 4,95.
Esses números impactam diretamente no custo de cuidado da Alice – que é conhecido como sinistralidade em operadoras tradicionais. Enquanto o índice do setor fechou o ano passado em 82,2%, a Alice fechou o ano em 60% no segmento corporativo – uma queda de 9 pontos em relação a 2023.
Tudo isso se traduz em menores custos e, consequentemente, em reajustes abaixo do mercado pelo quarto ano consecutivo. O reajuste da Alice para empresas com menos de 30 vidas para 2025 foi de 11,20%, quase 30% abaixo da média das operadoras tradicionais (15,53%).
Florence disse que a Alice sempre opta por usar o IPCA como base de reajuste, ao contrário de boa parte do setor, que utiliza o índice de Variação de Custo Médio Hospitalar (VCMH).
“Além disso, não amarramos as empresas em contratos longos — elas podem sair quando quiserem. Desde janeiro de 2024, nenhuma empresa com mais de 30 vidas deixou a Alice,” disse Florence.
E a companhia vem aumentando essa conta. Atuando no setor corporativo desde meados de 2021, a base de membros da Alice já ultrapassou a marca de 60 mil, contando com grandes clientes como Zig, Merama e Creditas, entre outros. A meta é chegar a 80 mil em dezembro deste ano.
Desde 2019, a Alice atraiu mais de R$ 1 bilhão com investidores de tecnologia. Florence explicou que, hoje, os aportes não são mais necessários para continuar o crescimento e não excluiu a possibilidade do IPO nos próximos 5 anos.
Atualmente focada em empresas com sede em São Paulo, mas com colaboradores em todo o País, a Alice atende clientes em mais de mil municípios. Porém, a empresa não quer parar por aí.
“Nosso sonho é ser a maior e melhor empresa de saúde do Brasil, e transformar o sistema de saúde em algo sustentável, que gere mais acesso e, principalmente, que torne as pessoas mais saudáveis,” disse Florence.
Em destaque, André Florence, co-fundador & CEO da Alice.