O conselho da Restoque aprovou hoje uma série de medidas que devem ajudar a dona da Le Lis Blanc, John John e Dudalina a acelerar seu crescimento depois da reestruturação que reduziu drasticamente seu endividamento.
A companhia está mudando seu nome para Veste S.A. Estilo (com o ticker na Bolsa mudando para VSTE3), e vai agrupar suas ações na proporção de 8 para 1.
Mais importante ainda, o maior acionista da empresa pretende ancorar um aumento de capital de R$ 100 milhões para financiar o programa de upgrade das lojas.
O maior acionista da Veste é a WNT Capital, que tem 56% da empresa. Os maiores cotistas da WNT são o Banco Master e seu controlador, Daniel Vorcaro, que estruturaram e deram o funding para a operação que converteu R$ 1,6 bilhão de dívidas em equity.
Se a demanda dos outros acionistas for baixa, a WNT sinalizou que pode comprar parte das sobras.
O conselho da varejista também aprovou elevar o COO Alexandre Afrange ao cargo de CEO, substituindo Livinston Bauermeister, que estava há sete anos no comando da empresa.
Alexandre foi um dos fundadores da Le Lis Blanc e já havia sido o CEO em 2014-2015. Cinco anos depois, ele voltou para a Restoque como head da Le Lis Blanc e, no ano passado, assumiu como diretor de operações.
A companhia também vai trocar mais da metade de seu board.
Estão saindo Márcio Camargo, que até pouco tempo era um dos maiores acionistas da empresa; Leandro Zancan, sócio da Zancan, Almeida e Silva Advogados; Luiz Eduardo Moreira Caio, da Sonoma Ventures; e Joaquim Souza, um ex-Dynamo.
No lugar, entram Paulo Figueiredo, o managing partner da Geribá Investimentos, que tem 20% do capital da empresa; João de Biase, o ex-head do banco de investimentos do Itaú e do Santander; e Carolina Wosiack, a head da CI&T para Europa e Oriente Médio; além do próprio Livinston.
Seguem no conselho o chairman Marcelo Lima, que tem 4% da empresa, e Luciana Cezar Coelho.
A Veste pretende usar os recursos do aumento de capital principalmente para acelerar um programa de reforma de lojas e aumentar seu investimento nos canais digitais – incluindo mais marketing e criar apps para suas principais marcas.
A companhia – que tem 185 lojas – reformou 10 da marca Le Lis Blanc este ano e pretende renovar mais 51 até o final do ano que vem, com um projeto do arquiteto dinamarquês Adam Kurdahl, da SPOL Architects.
As lojas já reformadas estão crescendo 20 pontos percentuais a mais que o crescimento da Restoque como um todo, o chairman Marcelo Lima disse ao Brazil Journal.
Em alguns casos, as reformas incluem também uma redução no tamanho das lojas, o que reduz significativamente o custo do aluguel.
“Na loja da Le Lis Blanc no Iguatemi JK, por exemplo, reduzimos em 73% o tamanho da loja com a reforma, e o faturamento cresceu 30%. Na loja da John John no Iguatemi também fizemos uma adequação do espaço e o comportamento foi o mesmo,” disse ele.
No consolidado, a venda por metro quadrado da Restoque, que era de R$ 18.500 em 2019, chegou a R$ 22.500 este ano.
Marcelo disse ainda que a empresa não descarta M&As oportunísticos, dado que “hoje temos uma base de acionistas muito forte e que está acreditando na empresa.”
A Restoque projeta terminar o ano com um faturamento bruto de R$ 1,3 bilhão, uma alta de 21%, lucro bruto de R$ 660 milhões e EBITDA de cerca de R$ 200 milhões (um crescimento de 115%).
Com um valor de mercado de R$ 1,4 bilhão, a Restoque negocia hoje com um desconto de quase 40% em relação a seus principais peers – um EV/EBITDA de cerca de 5,5x para 2023, enquanto Soma e Arezzo&Co negociam a 8,7x e 9,6x, respectivamente.