Paul Allen, o lendário cofundador da Microsoft morto em 2018, empenhou boa parte de seus bilhões na compra de obras de arte, reunindo um dos acervos mais expressivos do mundo, com mais de 150 obras-primas cobrindo mais de 500 anos.
Estão lá os suspeitos de sempre: peças de Vincent Van Gogh, Paul Cézanne, Lucien Freud, Diego Rivera, David Hockney e até um Sandro Botticelli. A Christie’s, que levou a coleção a leilão ontem à noite, disse que era a “maior e mais espetacular” coleção já vendida pela casa.
Estimada inicialmente em US$ 1 bilhão, a venda alcançou US$ 1,5 bilhão nos 60 lotes arrematados no primeiro dia. Os valores serão revertidos à filantropia, como desejado por Allen.
Peças remanescentes serão vendidas hoje, mas o leilão já bateu todos os recordes históricos para a venda de uma coleção privada.
O grande destaque do primeiro dia ficou com a tela Les Poseuses, Ensemble (petit version), tela de 1988 do francês Georges Seurat, arrematada por US$ 149 milhões.
Não foi a única obra que furou os US$ 100 milhões.
La Montagne Sainte-Victorie (1890), de Cézanne, foi arrematada por US$ 137 milhões. A pintura Verger avec Cyprès (1888), de Van Gogh, saiu por US$ 117 milhões, e Birch Forest (1903), de Gustav Klimt, por US$ 104 milhões.
O acervo lista ainda nomes como Jasper Johns, Louise Bourgeois, Max Ernst e Alberto Giacometti.
Chamou atenção, segundo o New York Times, a venda da fotografia The Flatiron, do icônico edifício nova-iorquino, feita por Edward Steichen em 1904. O comprador pagou US$ 12 milhões, quatro vezes o estimado e o segundo maior valor alcançado por uma foto.
“Paul compreendia o poder e o significado da arte,” disse Jody Allen, irmão do bilionário filantropo, em declarações divulgadas pela Christie’s.
Ela afirmou ainda que, com a venda do acervo, será possível “maximizar os recursos para o futuro da visão filantrópica planejada por meu irmão.”
Em agosto passado, a coleção de peças militares e de aviação de Allen já havia sido vendida, e seus dois super iates também já encontraram novos donos.
Faz parte da herança de Allen o controle dos times Seattle Seahawks, da NFL, e do Trail Blazers, da NBA. Eles também poderão ser vendidos.
Allen começou a colecionar arte em 1983, depois de ter deixado a Microsoft, a empresa que fundou em 1975 ao lado de Bill Gates. O filantropo morreu aos 65 anos, vítima de um linfoma.