A GRIDS Capital, a gestora de Guy Perelmuter especializada em deep tech, está no meio da captação de seu terceiro fundo.
A gestora, que investe em inovações de ponta como biotecnologia, robótica e inteligência artificial, já garantiu US$ 75 milhões com investidores, entre valores depositados e compromissos verbais, de um fundo que deve chegar a US$ 150 milhões.
O first closing será no mês que vem e a expectativa é concluir a captação até maio de 2023.
Apesar dos investimentos em venture capital estarem passando pelo que a Rainha Elizabeth chamaria de um annus horribilis, Perelmuter diz que o nicho de deep tech não tem sofrido tanto.
“Para uma empresa levantar dinheiro em deep tech, ela tem que ter metas e entregas muito claras,” Perelmuter disse ao Brazil Journal. “Tem que testar se a terapia tem as reações que ela espera ou se a tecnologia está funcionando da forma planejada, por exemplo. São métricas muito concretas, então o capital investido em deep tech tem mais checkpoints para analisar.”
Isso, segundo ele, fez com que os valuations dessas startups — especialmente no early stage — não passassem pelo momento de euforia que o mercado vivenciou nos últimos anos. Agora, elas também não estão sofrendo a correção brutal dos últimos meses.
“É um segmento muito quantitativo, técnico. Se você me provar que esse modelo de terapia genética passa por esse primeiro sarrafo, você passa para a próxima rodada. Senão, não tem mais dinheiro.”
O terceiro fundo da GRIDS segue a mesma tese dos dois anteriores: 60% do capital será investido em outros fundos de deep tech, principalmente dos EUA, e o restante em aportes diretos em startups.
Por enquanto, a estratégia está funcionando. O primeiro fundo, de US$ 45 milhões, está dando uma taxa interna de retorno (TIR) de 30% ao ano em dólar, já líquida das taxas. O fundo já devolveu 25% do capital aos investidores.
Já o fundo II, de US$ 120 milhões, está com uma TIR de 19% ao ano.
Perelmuter disse que a GRIDS está especialmente interessada em startups de três segmentos: clean tech, que desenvolvem tecnologias ligadas ao meio ambiente; ciências da vida, com soluções voltadas à saúde; e robótica, principalmente com foco na automação de processos.
Um investimento recente da GRIDS foi a Immusoft, que acabou de receber autorização da FDA para fazer o estudo clínico de um medicamento que modifica as células B do corpo – as células do sistema imunológico que atuam no combate a doenças específicas.
“Eles querem que essas células passem a produzir enzimas e substâncias que o organismo do paciente não produz por uma deficiência natural, o que ajudaria no combate de várias doenças,” disse Perelmuter. “O primeiro teste que eles estão fazendo é para a MPS, uma esclerose múltipla que dá em crianças.”
A GRIDS também investiu na Loft Orbital, uma empresa de ‘infraestrutura espacial as a service’.
Basicamente, a Loft ajuda empresas a enviar equipamentos para o espaço sideral, como uma câmera de alta resolução ou uma antena para a recepção de dados, e depois oferece um software que permite que a empresa monitore as informações coletadas no espaço.
“O VC tradicional é muito focado em soft technology, tecnologias ancoradas em softwares de serviços e que alavancam coisas já existentes,” disse Perelmuter. “Já as nossas startups fazem inovação de base científica.”