A Espaçolaser anunciou um aumento de capital privado para levantar até R$ 225 milhões e concluiu a reestruturação de sua dívida.
O papel desabou 18%.
Segundo fontes próximas à empresa, o aumento de capital permitirá que, livre da pressão, a empresa reorganize o negócio e recupere a rentabilidade.
A Espaçolaser disse que vai vender as novas ações a R$ 1,92 – um desconto de 20% sobre o fechamento de ontem, o que explica a queda de hoje.
O deságio foi colocado para garantir a atratividade da operação aos minoritários – mas alguns acionistas questionaram a operação, que implica uma diluição entre 15% e 32%. A Espaçolaser se listou na Bolsa em fevereiro de 2021 num IPO que saiu a R$ 17,90/ação.
Um grupo de acionistas de referência que concentra 39,6% da empresa disse que vai aderir à operação, garantindo R$ 89 milhões para a oferta. Este grupo inclui a SMZXP Participações, um veículo que inclui o especialista em franquias José Carlos Semenzato e a empresária Xuxa Meneghel; o Magnólia FIP, um veículo do private equity americano L Catterton, que tem 5% da companhia; e dois dos três fundadores, Ygor Moura e Paulo Morais.
O terceiro fundador, Tito Pinto, não vai acompanhar a operação, mas cedeu seu direito de preferência ao grupo.
Os acionistas de referência poderão participar de sobras do aumento de capital, e a empresa também espera a adesão de novos investidores num eventual leilão.
Com a injeção de recursos, a Espaçolaser espera fortalecer a estrutura de capital e reduzir sua alavancagem financeira, que bateu 3,1x no final do segundo tri.
A capitalização vinha sendo discutida há meses e está sendo anunciada ao mesmo tempo em que a empresa está prestes a concluir a reestruturação de sua dívida de R$ 850 milhões.
Incluída nessa dívida está uma debênture de R$ 250 milhões cujo covenant fixa a relação entre a dívida líquida e o EBITDA em 2,5 vezes – a quebra deste covenant poderia acelerar o vencimento de toda a dívida.
Depois de uma conversa com os bancos, liderada pelo Itaú, a empresa vai emitir uma nova debênture de R$ 615 milhões com prazo de 3 anos. Os recursos serão usados para quitar a debênture atual, que vence em 2026, bem como pré-pagar outras dívidas que vencem nos próximos dois anos.
A nova emissão tem 15 meses de carência do principal, e os novos covenants são: 3,5 vezes até junho de 2023; 3x até junho de 2024 e 2,5x até junho de 2025.
Com risco maior, a nova debênture pagará CDI + 3,5% – a primeira emissão tinha spread de 2,5% – e vai ser encarteirada por Itaú, Santander, Citi, Bradesco, Safra, Votorantim e ABC.
A Espaçolaser vem enfrentando problemas por ter flexibilizado prazos de pagamento dos clientes, ao mesmo tempo em que acelerava a expansão com lojas próprias num ambiente de alta da Selic e inflação. A margem da empresa ficou cada vez mais pressionada.
Mesmo com a reestruturação, a alavancagem ainda seguiria alta no curto prazo, o que levou a empresa a decidir pela capitalização.
Desde o início do mês, a Espaçolaser tem um novo CEO: Paulo Camargo, que comandava o McDonald’s no Brasil. Ele substituiu o fundador Paulo Morais, agora membro do conselho.
A empresa paralisou a abertura de novas lojas, está crescendo apenas via franquias e vai passar a precificar seus serviços de acordo com a geografia de cada loja.