O JP Morgan mudou sua recomendação para a ação da XP de ‘overweight’ para ‘neutral’ e reduziu o preço-alvo de US$ 27 (no final de 2022) para US$ 23 (2023).
O downgrade – horas depois do mercado nocautear a ação – veio num relatório intitulado: “O management fala em crescimento, mas o mercado quer lucros.”
A XP sempre teve um prêmio de valuation por ser um negócio ‘asset light’ que, apesar de não pagar dividendos, crescia a taxas acima de 50%. Mas segundo o JP Morgan, essa percepção é cada vez mais questionável, já que a empresa hoje tem potencial de crescimento menor e o management disse que não haverá dividendos no curto prazo.
“A XP não é mais um player pequeno, de alto crescimento,” escreveu o analista Domingos Falavina.
Ele estima que a empresa já tenha um share de 12% dos ativos sob custódia (AUC) no varejo, um percentual próximo daquele calculado para os grandes bancos: o BB teria 15-20%; o Itaú, 10%-15%; e o Bradesco, 10%.
“Ainda que a XP se defina como – e pretenda ser – um modelo de negócios leve em ativos, o management disse na teleconferência que não tem intenção de retornar capital por meio de dividendos num futuro próximo,” escreveu o analista.
Para ele, isso não ajuda a sustentar o prêmio de valuation concedido a negócios leves que pagam dividendos. Por exemplo, outro player ‘asset light’, a B3, tem retornado 90% de seu lucro ao mercado na forma de dividendos nos últimos cinco anos.
“Com receitas e AUC crescendo menos, a falta de proventos levantará discussões sobre as reais necessidades de capital do negócio,” escreveu Falavina. “Reter capital reduz o ROE e faz o negócio ser cada vez mais percebido como um banco, ‘asset heavy’.”
No segundo tri, a XP cresceu receita em 13% ano contra ano, mas a despesa cresceu 40%.
“Ficamos negativamente impressionados com a falta de preocupação ou cautela do management com a compressão de margem de cerca de 220 bps em apenas um trimestre (e de 660 bps ano contra ano),” escreveu o JP Morgan.