Nizan Guanaes deu uma entrevista à CNN Brasil há alguns dias. O tema era “a criatividade e o mundo pós-pandemia,” mas um Nizan emocionado acabou falando sobre o papel da esperança neste momento de dor.
Abaixo, um trecho do desabafo:
“Winston Churchill tinha esse componente [da esperança]. Estamos falando de um primeiro-ministro que não só foi o maior homem público do século passado como um Prêmio Nobel de Literatura. Pegue os discursos de Churchill e como ele dizia a realidade doída de um jeito maravilhoso. ‘Não tenho nada a oferecer a vocês a não ser sangue, suor e lágrimas’.
Só que você está ouvindo isso… é a realidade, mas é a conclamação para cada um de nós ser um estadista. Você não sabe o tempo que eu fico sentado na minha sala falando para a região em que eu estou, para o pequeno empresário. Não é fácil fazer aquilo, mas é o meu papel. Eu chego até a me emocionar falando isso…
Cada um de nós tem que ser um estadista, deixar um pouco pra lá o lado em que a gente acredita para nos ajudarmos como raça humana. Não é uma circunstância boa ver meu filho se formando por Zoom, mas é o que temos.
Eu acho que agora tínhamos que combinar de só brigar em dezembro. Não importa se você é Bolsonaro ou João Dória, somos humanos, brasileiros. Temos que trabalhar em cooperação. É isso que a população está pedindo e é por isso que a população muitas vezes se constrange. Ela vê luta política, mesmo que os dois lados estejam tentando as melhores coisas. Eu não quero tomar partido porque vamos perder a objetividade dessa prosa.
Grande parte das coisas estão sendo contaminadas pela política. E eu tenho certeza que um médico, quando pega alguém no Sírio Libanês, não fica perguntando se a vítima é isso ou aquilo. Naquele momento ele é um ser humano e tem que ser salvo.
É essa objetividade [que precisamos]. É agora que o jornalista, o médico, o político… todos nós agora somos uma atividade essencial. Todos! Todos nós temos que nos comportar como atividade essencial, porque só vamos sair dessa história assim.
Se eu pudesse dizer aos brasileiros que estão nos ouvindo, eu diria: ‘Monte uma árvore de Natal! Vai ter Natal, vai ter uma saída!’
A vocês jornalistas, eu peço que nos levem realidade, mas também esperança.
E esperança não é ficar escondendo a cova, escondendo os mortos, mas dando espaço também à vacina, para as outras coisas, porque senão as pessoas não conseguem ir em frente.”