A Olga Ri não é a primeira startup que ganha a vida entregando saladas, um negócio explorado à exaustão no Brasil e no mundo.
Mas desde que surgiu, em 2016, ela se diferenciou por ser uma das primeiras a apostar no modelo de ‘cloud kitchens’ — cozinhas centrais em galpões destinadas exclusivamente a atender o delivery — em vez de entregar a partir de lojas físicas.
A Olga Ri — nome que, segundo os fundadores, remete a leveza e alegria — opera uma cozinha num galpão no Itaim que funciona apenas como centro de produção e distribuição das saladas. Num dia de pico, tipicamente às segundas, ela faz mais de mil entregas despachadas por cerca de 40 motoboys.
Hoje, metade das vendas vem de sua plataforma própria (via site, app ou telefone), e o restante é dividido entre o iFood, Rappi e Uber Eats. Do total, 85% vem de clientes recorrentes, uma métrica importante de fidelização.
Agora, a Olga Ri levantou capital para investir em pelo menos mais duas ‘cloud kitchens’ em São Paulo. A rodada foi liderada pela Kaszek e teve a participação da Arbor Capital (uma gestora de venture capital do Rio) e de investidores pessoa física como Renato Fairbanks Ribeiro, ex-board member do Burger King Brasil, e André Jereissati, da família controladora da JCC (dona de shoppings como o Iguatemi Fortaleza).
Com os recursos da capitalização, a startup vai abrir mais duas ‘cloud kitchens’ ainda este ano — intensificando a presença em bairros onde já atua — e tem planos de abrir outras três no ano que vem, entrando em novas cidades. “Nossa ideia é tornar a entrega mais rápida e reduzir os custos logísticos, que hoje ainda são altos para algumas regiões em que operamos,” Bruno Sindicic, o co-fundador, disse ao Brazil Journal.
Bruno trabalhou por cinco anos na Advent depois de passagens pelo Pátria e BTG. Para criar a Olga Ri, ele se juntou a sua irmã, Cristina, e a Beatriz Samara, ambas arquitetas. Segundo ele, a startup gera caixa desde o primeiro mês de operação e o faturamento, que dobrou ano passado, deve dobrar outra vez este ano.
As ‘cloud kitchens’ da Olga Ri tem entre 200 a 300 m² e custam cerca de R$ 700 mil cada.
Para a Olga Ri, o modelo de ‘cloud kitchen’ é uma forma de verticalizar a operação. Mas existem outras empresas operando o modelo como multiplataforma, abrindo cozinhas compartilhadas e depois alugando para outros restaurantes que queiram crescer no delivery.
É o caso da Steam Cloud Kitchens, que vai investir R$ 30 milhões para abrir 30 ‘cloud kitchens’ nos próximos quatro anos. No Brasil, esse mercado já movimenta cerca de R$ 11 bilhões por ano, segundo estimativa da Associação Brasileira de Restaurantes.
A Olga Ri estuda fazer um Series A até o fim do ano para acelerar a expansão e investir pesado em tecnologia. Outro plano: abrir restaurantes da marca a partir de 2021.
“No Brasil, existe uma carência muito grande no segmento de ‘fast casual’ — que é o meio do caminho entre o fast food tradicional e o foodservice,” diz Cristina Sindicic. “Vamos nos posicionar nesse ponto, com restaurantes rápidos, preços justos e qualidade impecável, mas sem atendimento na mesa.”
O principal benchmark da Olga Ri é a Sweetgreen, uma startup americana que vende saladas há dez anos e foi avaliada em US$ 1,6 bilhão numa rodada recente.