A Sling Hub, uma startup fundada há um ano, está tentando se posicionar como o “Crunchbase brasileiro,” estruturando uma base robusta de dados sobre o mercado de inovação e facilitando a conexão entre startups, investidores e grandes empresas.
A Sling é uma ferramenta de inteligência de dados: ela captura informações sobre startups, fundos de venture capital, aceleradoras e incubadoras, e organiza tudo num site, onde os usuários podem fazer pesquisas sobre o mercado.
Nos EUA, VCs e empreendedores consultam dados sobre a indústria usando o Crunchbase e o Pitchbook; na Europa, o DealRoom; e na Ásia, a Tracxn. A América Latina ainda não tem nenhuma plataforma consolidada do tipo.
A Sling já tem mais de 1,2 milhão de dados de 15,7 mil startups — capturados por algoritmos que varrem a internet ou de forma passiva (com as próprias empresas colocando suas informações no site).
As informações vão desde questões básicas como o setor de atuação, a data de fundação e as últimas rodadas de investimento até dados qualitativos e mais complexos — que incluem uma análise do sentimento dos comentários nas redes sociais, a nota no Reclame Aqui, processos judiciais e até avaliações de ex-funcionários.
Agora, a Sling acaba de levantar capital entre investidores-anjos e VCs para começar a monetizar a plataforma.
A rodada de R$ 1,5 milhão foi liderada pelo Urca Angels e teve a participação da Ipanema Ventures, um fundo de venture capital do Rio; Tiago Júlio, o head de inovação da DASA; Camila Farani, uma das investidoras-anjo mais ativas do Brasil e agora no board do PicPay; Wlado Teixeira, presidente da GV Angels; e Cassio Spina, fundador da Anjos do Brasil.
A Sling vai usar os recursos para desenvolver duas ferramentas pagas.
A primeira é o “Radar de Startups”, que permite que corporações e investidores usem filtros mais avançados de pesquisa para encontrar startups com determinado perfil e depois recebam um relatório da Sling com informações completas sobre cada uma delas.
“Imagine que você é uma corporação e queira achar uma startup que utiliza blockchain em sua tecnologia ou que já tenha levantado mais de R$ 4 milhões,” o fundador disse ao Brazil Journal. “Você manda isso pra gente e vamos entregar um relatório com as startups que se enquadram nesse perfil e mais de 200 dados sobre cada uma delas.”
O segundo produto é o “Análise de Startups”, onde o cliente já dá o nome das startups sobre as quais deseja informações.
“É evidente que ninguém vai tomar a decisão de investimento pela nossa plataforma, mas queremos facilitar as conexões,” diz João. “Podemos nos tornar um ótimo filtro inicial para gerar negócios entre startups, empresas e investidores.”
João criou a Sling depois de quase dez anos como investidor-anjo. No período, foi presidente da Gávea Angels e investiu em 13 startups — de unicórnios como o Quinto Andar até empresas que foram à falência como a Trippix, uma rede social de viagens. Antes, foi analista da Akro, uma gestora de private equity.
A Sling está se inspirando principalmente no modelo das americanas Crunchbase e PitchBook, que já valem centenas de milhões de dólares. O PitchBook foi vendido à Morningstar em 2016 por US$ 280 milhões; enquanto o Crunchbase já levantou mais de US$ 56 milhões em quatro rodadas.
Apesar de competidores potenciais — já que as duas empresas também oferecem informações sobre startups e gestoras brasileiras — João diz que “nenhuma delas tem foco no Brasil, o que permite que a gente tenha muito mais informações locais do que eles.”