A Neomed — uma healthtech de software as a service (SaaS) que barateia e agiliza o processamento de laudos de exames complexos — acaba de levantar uma rodada para acelerar sua expansão e entrar em duas novas verticais.
A captação, de R$ 6,5 milhões, foi liderada pela Positive Ventures, um fundo de impacto brasileiro que já investiu em startups como a Good Money e OccamzRazor.
A Positive investiu metade do total. O restante foi dividido entre a IKJ Capital, do ex-sócio do BR Partners Enrico Carbone; Provence Capital, do ex-Hedging Griffo Léo Figueiredo; e investidores-anjo como Ricardo Villela Marino, de uma das famílias controladoras do Itaú.
A Neomed digitalizou um processo até então feito de forma arcaica. Para laudar exames como um eletrocardiograma, as clínicas e laboratórios tinham que buscar um cardiologista que cobrava por cada exame laudado — um processo pouco competitivo que custava caro e tomava tempo.
A Clínica SIM, por exemplo, levava em torno de 7 dias para entregar o laudo ao paciente; com a Neomed, conseguiu reduzir esse tempo para um dia.
“Como eles tinham que negociar com vários médicos individualmente, o custo também era bem mais alto,” Gustavo Kuster, o fundador, disse ao Brazil Journal. “A gente faz essas negociações em volume, então conseguimos reduzir o custo do laudo em mais de 60%.”
A startup atende 150 clínicas e laboratórios de 32 clientes diferentes. Hoje, o maior deles é a Hapvida, que usa o software da Neomed em 40 de suas clínicas ‘Vida e Imagem’. A Neomed também atende a Dasa, o Grupo Alliar e o Hermes Pardini.
A startup faturou R$ 5,2 milhões em 2019 e R$ 4,5 milhões no ano passado — um ano atípico em que os lockdowns da pandemia fizeram muita gente adiar exames menos essenciais. Para este ano, a startup projeta uma receita de R$ 9 milhões.
No modelo de SaaS, as clínicas e laboratórios pagam uma mensalidade para ter acesso à plataforma da Neomed, que consegue se conectar com qualquer hardware de exames.
Até agora, a prática usual na indústria era empresas como a Siemens e GE venderem hardware e software juntos — o que obrigava as clínicas a operar com múltiplos softwares. Com a Neomed, elas conseguem usar a mesma plataforma para processar todos os chamados ‘exames de métodos gráficos’.
Além de oferecer o software, a Neomed tem 30 médicos cadastrados na plataforma que ficam disponíveis 24 horas por dia para laudar os exames. Quando alguma clínica cliente sobe um exame na plataforma, esses médicos recebem um alerta; o primeiro que aceitar o pedido faz o laudo, que será devolvido para a clínica em até 24 horas (tudo de forma digital e na nuvem).
Agora, a Neomed está entrando em dois novos segmentos: hospitais, onde usará inteligência artificial para tornar mais rápido o diagnóstico de casos de infarto agudo; e farmácias, onde ela começará a oferecer e laudar o exame de M.A.P.A. e acompanhar a jornada dos pacientes com doenças crônicas como hipertensão.
“O que quero é ter o maior número possível de pacientes na plataforma,” diz Gustavo. “Com massa crítica, podemos conversar inclusive com as operadoras de saúde.”
Com a entrada nos novos segmentos, a Neomed estima que seu mercado endereçável suba de R$ 7 bilhões para mais de R$ 50 bi.