A DataMilk — uma startup que desenvolveu uma inteligência artificial que aumenta as vendas do ecommerce — acaba de levantar uma rodada de seed money para levar sua solução para países como o Brasil, Austrália e Reino Unido, bem como acelerar o desenvolvimento do produto.
A rodada de US$ 1,7 milhão foi liderada pelo fundo brasileiro Big Bets e teve a participação dos fundadores da VTEX, Mariano Gomide de Faria e Geraldo Thomaz, além do fundo russo RTP Global e do alemão Angel Invest.
A IA da DataMilk mede a eficácia do design de um ecommerce e depois otimiza a loja para aumentar as vendas.
Não é feitiçaria, é tecnologia: na prática, o algoritmo cria variações do design do site — tamanhos de botão, cores, fonte e ordem dos elementos — e conduz milhares de testes A/B simultaneamente.
Depois disso, o algoritmo analisa o desempenho dessas variações e atualiza automaticamente a interface com as mudanças que tiveram a melhor performance de vendas.
Mas a DataMilk vai muito além do design. Quando um cliente passa a usar a solução, a startup começa a coletar uma série de dados que geram insights sobre diversas melhorias que podem aumentar a conversão.
“Conseguimos ver onde os usuários estão desistindo da compra e identificar os motivos. Às vezes é porque o carregamento do site está lento ou porque um link está direcionando para fora do site,” Cristiano Carvalho, o cofundador e CTO, disse ao Brazil Journal.
Nascida no meio da pandemia, a DataMilk tem uma equipe multicultural: são 16 pessoas com nove nacionalidades, e a maior parte trabalha no Brasil e no Reino Unido.
A empresa atende 70 clientes de ecommerce e já processou mais de 100 milhões de sessões de usuários, melhorando as taxas de conversão, em média, em 3 pontos percentuais.
O resultado: um aumento de vendas de até 15%.
A DataMilk se remunera com uma taxa de sucesso: um valor fixo a cada mil visitas otimizadas que varia de acordo com o porte do ecommerce (clientes com até 250 mil usuários/mês pagam um valor maior por visita do que aqueles com mais de 5 milhões).
“Os fundadores acham que cada milésimo de distração é mais uma chance do cliente não fazer a compra,” disse Alexandre Mello, do Big Bets. “Eles tentam tornar a jornada de compra o mais ‘para dummies’ possível.”
A DataMilk nasceu da cabeça de Cristiano e do húngaro Peter Szalontay, dois ex-funcionários do Google. A ideia veio depois que Peter trabalhou num projeto que analisou 50 tons de azul para entender as implicações de pequenas mudanças do design na conversão de vendas.
Cristiano ficou 10 anos no Google, entre o Brasil e a Suíça, onde trabalhou no Google Maps e no projeto da assistente virtual do Google, dentre outros. (Os dois só se conheceram ano passado, quando Cristiano viu num grupo de ex-Googlers um anúncio de Peter buscando um cofounder).
O terceiro cofounder é o russo Misha Lyalin, que criou o Cut the Rope, um joguinho que já teve 1,5 bilhão de downloads.
A DataMilk é uma resposta à dificuldade das startups de aplicar testes A/B, seja pela escassez de mão de obra ou pelo alto investimento que isso demanda. (O algoritmo libera engenheiros, cientistas de dados e designers para lidar com tarefas mais críticas para a empresa.)
“As grandes empresas como Amazon e Google já usam os testes A/B com frequência, mas as pequenas e médias não podem bancar,” disse Cristiano. “Você tem que ter um engenheiro para projetar o experimento, um UI pra fazer as mudanças, um programador pra rodar o teste, e depois um cientista de dados para processar os dados e ver se o resultado foi relevante… E no final de tudo isso, pode ser que os resultados não paguem todos esses investimentos.”
Um dos apelos da DataMilk é a facilidade de implementação. Para começar a usar a solução, o ecommerce precisa apenas copiar um código Javascript e depois colá-lo em seu site — um processo que não leva nem 5 minutos.
No Brasil, a entrada dos fundadores da VTEX deve ajudar a impulsionar o negócio. A empresa pretende integrar a DataMilk à sua plataforma e começar a oferecer a solução para seus 2,5 mil clientes de ecommerce.