A Cayena — uma startup que ajuda restaurantes e bares a comprar melhor seus insumos — acaba de levantar R$ 100 milhões numa rodada dominada por fundos e empresas estrangeiras, incluindo a Coca-Cola Femsa.
Maior engarrafadora de Coca-Cola do mundo, a multinacional mexicana já havia investido na startup na rodada seed – junto com Canary, Astella e Norte Ventures – e ocasionalmente ajuda a startup a ganhar acesso a alguns key accounts.
A rodada dá poder de fogo à Cayena num momento em que seu mercado começa a ficar competitivo: a startup foi a primeira a entrar num nicho que recentemente atraiu empresas como a colombiana Frubana — que colocou R$ 350 milhões no caixa recentemente — e a brasileira Pantore.
O plano da Cayena é usar os recursos para escalar o negócio, aumentando sua estrutura comercial e dobrando o time de programação.
Diferente das outras startups do setor, a Cayena está apostando num modelo 100% asset light. Enquanto a Pantore e a Frubana fazem a logística ou compram e revendem os produtos, a Cayena funciona apenas como um marketplace que conecta os fornecedores de insumos com os restaurantes e bares.
O grande ativo da startup é seu algoritmo que analisa todas as ofertas dos produtos que o restaurante quer comprar e sugere o melhor mix de fornecedores — levando em conta preço e conveniência.
“Ponderamos sempre essas duas coisas. Se a economia for muito pequena, de R$5-10, o algoritmo não adiciona um novo fornecedor na compra só para economizar isso. Mas se a economia é relevante, ele pode acrescentar,” o cofundador da Cayena Pedro Carvalho disse ao Brazil Journal.
Pedro é um ex-banker do Merrill Lynch que sempre sonhou em empreender. Seus sócios são Raymond Shayo, que também trabalhou em investment banking, no JP Morgan, e Gabriel Sendacz, que veio do private equity da NEO Investimentos. Os três se conhecem desde que estudaram juntos na mesma sala no Insper.
A definição do mercado foi um processo metódico.
“Separamos alguns pilares que consideramos essenciais: queríamos que fosse B2B, um mercado recorrente, offline e que tivesse um modelo ganha-ganha, em que fôssemos remunerados pela receita,” disse Gabriel. “Olhamos muita coisa: cemitério, saúde… até que chegamos no foodservice.”
Para testar o produto, os três usaram a família de Pedro como cobaia.
Os Carvalho operam a dark kitchen de um restaurante japonês em Salvador e passaram a usar a ferramenta da Cayena para fazer suas compras. Segundo os fundadores, em menos de dois meses eles conseguiram reduzir em 20% o custo da mercadoria vendida pelo restaurante.
A plataforma da Cayena já tem mais de 30 mil SKUs disponíveis e transacionou R$ 100 milhões desde que foi criada. Os restaurantes têm comprado com frequência de 5 a 7 vezes por mês na plataforma.
Recentemente, a startup lançou também uma solução de crédito que permite aos restaurantes pagar pelos insumos a prazo. Nessa frente, quem paga a receita da startup são os fornecedores, que vêem valor na demanda incremental que o produto gera.
O líder da Série A foi a Vine Ventures, uma gestora de VC americana especializada em marketplaces B2B e que é o principal investidor da colombiana Tul, que está a poucos passos de se tornar um unicórnio.
O fundo chinês MSA Capital (que investiu na Series G do Nubank); o FJ Labs (de Fabrice Grinda); e os americanos Canaan Partners e Clock Towers, também participaram.