Quando a pandemia começou, a Vittude – uma startup de terapia online – viu a demanda por seus serviços disparar, junto com os casos de ansiedade, depressão e transtornos compulsivos.
Há dois meses, a startup se viu diante de outro motor positivo para os negócios: a Organização Mundial de Saúde reconheceu o burnout como uma doença de trabalho, com implicações gigantescas para as empresas.
“Se o funcionário se afastar por burnout, agora isso vai ficar classificado como acidente de trabalho,” a fundadora da Vittude, Tatiana Pimenta, disse ao Brazil Journal. “Isso faz com que a empresa tenha que pagar mais tributos para a previdência e abre espaço para que o funcionário possa entrar na Justiça. Além disso, quando a pessoa voltar, ela terá 12 meses de estabilidade.”
A mudança está levando as empresas a fazer a conta e gastarem preventivamente com a saúde mental dos funcionários – impulsionando a vertical B2B da Vittude.
Para dar conta da demanda, a startup acaba de levantar uma rodada de R$ 35 milhões.
A Série A foi liderada pela Crescera Capital e teve a participação da Scale Up Ventures, o fundo da Endeavor. O Redpoint eVentures, que deu o cheque para a rodada seed, também acompanhou.
A Vittude vai usar o dinheiro principalmente para expandir seu negócio B2B, que já cobre mais de 600 mil vidas em 160 empresas, incluindo gigantes como o Banco do Brasil, L’Oréal e O Boticário.
A Vittude tem outras 300 empresas em negociação e o plano é triplicar o número de clientes – e a receita – até o final do ano.
As empresas pagam um fee por vida para ter acesso à plataforma e à consultoria da startup, e depois pagam pelas consultas que forem feitas por seus funcionários. Algumas empresas pagam o valor cheio das consultas; outras, apenas parte do valor.
A solução da Vittude inclui um diagnóstico da saúde mental dos funcionários do cliente, bem como cursos para treinar as lideranças sobre como lidar com questões relacionadas à saúde mental.
“O acolhimento dos funcionários é um tema muito complicado,” disse a fundadora. “A grande verdade é que a maioria dos líderes não está preparado sequer para administrar seu próprio estresse… imagine o de funcionários que vão pedir ajuda.”
Tatiana diz que um dos grandes ativos da startup é sua base de psicólogos – segundo ela, escolhida por meio de uma curadoria rigorosa.
A startup tem mais de 800 psicólogos ativos – ou seja: credenciados e prestando serviços – e outros 15 mil na lista de espera.
Para escolher os profissionais, há uma triagem de tecnologia e outra feita por uma equipe de psicólogos da Vittude. “Criamos um score de acordo com as respostas dos questionário online e das entrevistas e fazemos um ranking com base nisso,” disse ela.
Os psicólogos pagam uma assinatura de R$ 299/mês para fazer parte da plataforma, e a Vittude ganha ainda um take rate sobre o valor das consultas.
Para melhorar a experiência dos pacientes, a startup desenvolveu um algoritmo de inteligência artificial que faz um match entre paciente e terapeuta, indicando o melhor profissional para cada situação.
O próximo passo? Criar outro algoritmo que vai permitir às empresas “antever que um funcionário tem predisposição a ter alguma doença mental” – o que vai possibilitar uma atuação ainda mais preventiva.